Em cartaz até o dia 31 de outubro, a mostra do artista alagoano Agélio Novaes “Bereguedé e as Festas de Viçosa” promete ao público uma viagem ao passado e às manifestações folclóricas e populares de Alagoas. Os trabalhos em forma de infogravura vetorial podem ser vistos na Casa da Cultura de Viçosa.
Segundo o artista, as obras remontam às lembranças da Viçosa onde ele nasceu. “Mesmo saindo muito cedo de lá, as festas de rua estão muito vivas na minha memória”, diz ele. “É um resgate de uma cidade encantada pelo olhar de um menino”. Esse olhar enxergou a cidade de Viçosa com sua arquitetura local dos anos 1920 e 1930.
“Ao mesmo tempo em que precisei de um guia para apresentar aos visitantes essa cidade tão sonhada. Bereguedé era um negro coxo, descendente dos antigos quilombolas. Era a figura mais conhecida na cidade por fazer vários serviços para a comunidade, como carregar as malas de quem chegava ou partia da estação ferroviária, era vigia da praça grande, entregador de recados, entre outros”, explica.
No espaço estão expostas 8 infogravuras produzidas através de desenhos vetoriais. O resultado final é impresso em tecido 100% algodão, proporcionando uma boa qualidade da imagem. “O desenho vetorial é uma técnica moderna de desenho onde o mouse é seu lápis e a tela de cristal é o papel”, afirma. “Gosto do desafio de experimentar novas técnicas de arte, mesmo tendo a colagem ainda como carro chefe do meu trabalho”.
Para Agélio, organizar essa exposição em Viçosa trouxe lembranças até então desconhecidas, principalmente de pessoas e parentes distantes. “Estou ausente há alguns anos da cidade, mas a exposição me rendeu cenas de grandes emoções, simpatias e receptividade”, revela.
Agélio Novaes começou a expressar sua veia artística pelo desenho ainda criança. Aos 10 anos, já morando em Maceió, seu pai o matriculou na escola de desenho do professor Lourenço Peixoto. Além disso, andou por Pernambuco e São Paulo estudando Produção Gráfica, Arte Publicitária e Imagens Digitais.
Em 1987 realizou sua primeira exposição individual em Recife chamada “Arte Postal”. “A partir desse começo, eu resolvi entrar de verdade nesse mundo das artes visuais, sempre tentando buscar a minha própria identidade, meu próprio traço. Sem me deixar influenciar demais pelos grandes mestres”.
Para as colagens, seu trabalho mais reconhecido, o principal material são folhas de revistas. “As que têm um papel com uma gramatura maior ou um bom papel couchê são as melhores para trabalhar”, diz. “Uma desvantagem é o fator do esmaecimento. Se você não tiver cuidado, o papel desbota. Quanto melhor a impressão, mais tempo a obra dura”.
Já organizou seis exposições individuais e seus trabalhos já viajaram por Recife, Aracaju, Rio de Janeiro e São Paulo em várias mostras coletivas.
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