O Dossiê Fotografia Alagoana do Aqui Acolá chega a sua 9ª edição destacando as imagens de Arthur Celso e Alexandre Carvalho. Os dois artistas prezam muito pela fotografia de paisagem e de pessoas – e na relação e impacto que os dois elementos impulsionam ao se encontrarem nas fotografias.
Arthur Celso
Para Arthur Celso, a fotografia tem presença marcada em sua vida desde criança. Seu tio, Laércio Amorim, além de fotógrafo com passagens pelo jornal Gazeta de Alagoas e a Universidade, trabalhou com R. Stuckert, e posteriormente fazia revelações em casa. “Mesmo com a diferença grande de idade, eu ainda lembro os conselhos que ele me dava”, diz . “A minha primeira câmera eu comprei com ele numa viagem ao Paraguai”.
Contudo, o exercício fotográfico sempre foi considerado para ele um hobby. A fotografia veio ao seu encontro e se tornou uma atividade mais séria a partir do início de 2015. No final do ano anterior, após ter saído de seu último emprego, decidiu comprar uma câmera e a partir de então começaram a surgir convites de amigos para fotografar eventos corporativos e familiares. Mesmo a contragosto, ele foi realizando esses trabalhos e exercitando seu olhar até começar a produzir suas fotografias artísticas.





“Tenho me dedicado muito à fotografia documental e de rua. Estou envolvido há cinco meses no projeto Mundaú Mundo, que dedicado ao complexo estuarino-lagunar Mundaú, retratando a questão social e ambiental na fotografia, através da vida dos ribeirinhos e a forma como a nossa sociedade trata o rio”. O projeto que conta ainda com os fotógrafos Luna Gavazza e Jorge Vieira desembocará numa exposição, um videodocumentário e um fotolivro.
Autodidata e amante dos livros, Arthur Celso é publicitário e formado em Rádio e TV, motivo pelo qual aproveitou toda essa bagagem para transpor o conhecimento adquirido até a fotografia. Ele cita Araquém Alcântara como grande inspirador com relação às fotografias de natureza.





“Também gosto muito do Evandro Teixeira, fotojornalista, mas que é muito ligado à fotografia de rua. Suas imagens sempre têm algo diferente”, diz ele. “Aqui em Alagoas tenho muitos colegas bastante talentosos como o Jorge e a Luna que trabalham comigo, assim como João Facchinetti, Thiago Sobral, Roberto Fernandes”.
Arthur Celso fez parte da exposição Gabeia, que ficou em cartaz no Complexo Cultural do Teatro Deodoro e teve como mote o Mercado da Produção de Maceió. “ Fiz uma série chamada “Os Invisíveis”, onde retratei os comerciantes a partir dessa ótica”. Nesse trabalho, foi utilizada uma câmera esportiva GoPro e, através da técnica de sobreposição, ele conseguiu criar o efeito desejado pelo conceito da série.





Além disso, já participou de algumas exposições coletivas do grupo Perambular Fotográfico, da mostra “Poesia em Foco” promovida pela Confraria Nós Poetas e de dois Salões de Fotografia do Museu Pierre Chalita.
Após Mundaú Mundo, Arthur pretende voltar a campo para realizar um trabalho retratando o mundo das famílias circenses que percorrem principalmente as periferias das cidades. “Acho que a fotografia tem esse papel de mostrar às pessoas a realidade que às vezes é colocada à margem, e tentar mudar esse cenário”, diz ele.
Alexandre Carvalho
Alexandre Carvalho nasceu em Barreiros-PE, mas passou toda a adolescência em Jaboatão dos Guararapes, cidade metropolitana do Recife. Depois de passar pela capital pernambucana, por João Pessoa e pela Bahia, em 2011 veio parar em Maceió . Segundo ele, sempre gostou de fotografia, mais como registro do que como arte. “Só de uns seis anos para cá eu comecei a me aventurar e estudar um pouco mais sobre fotografia e produzir”, revela.
O que começou como uma atividade simples foi ocupando bastante tempo em sua vida. “Passei a fazer expedições e gostei muito de viajar com a máquina”, afirma. “Você acaba conhecendo gente, tomando contato com outras visões de fotografia e acaba se envolvendo nesse mundo”. Para ele, o que o seduziu foi muito mais do que o produto final ou a imagem pronta, mas todo o ato de sair com a câmera, observar a cena e o próprio ato de fotografar . “Ela carrega todo esse conjunto: um pouco de arte, da convivência e da aprendizagem. É isso que eu busco”.


A fotografia de paisagens e de natureza foi o impulso inicial de Alexandre. “No fim das contas, acaba sendo também uma espécie de terapia, de lazer. Você esquece um pouco do mundo a sua volta quando está concentrado com a câmera”, diz ele. “Passo muitas horas ali no Parque Municipal e acabo não só praticando, como também contemplando a natureza”.
Mas, a partir do convívio e do aprendizado adquirido com amigos fotógrafos, outras linguagens foram chamando sua atenção. Conheceu Jorge Vieira, Thiago Sobral e Adilson Andrade e frequentou vários workshops ministrados por eles. “Minha formação fotográfica é local e eles têm sido meus mestres”, revela. “Tomei contato com a fotografia de rua e isso me fez valorizar ainda mais o preto e branco, por exemplo”. Ao retratar pessoas, Alexandre busca captar a força e a beleza que ele enxergue através das lentes, ao passo em que procura impulsioná-las através das imagens.



“Chega a ser um pouco clichê, mas eu me inspiro no trabalho do Sebastião Salgado. De certa maneira, ele consegue fazer essa passagem de valorizar a fotografia de natureza e paisagem, como também contar a história das pessoas. Eu busco isso, também”, afirma. “Além do Jorge e do Thiago, também admiro bastante as fotos da Luna Gavazza, João Dionísio, Alberto Lima, João Facchinetti”.
Em seus estudos de fotografia de rua, Alexandre tem visitado alguns mercados e feiras livres para captar as pessoas em suas relações de trabalho. “É muito bonito você observar a grandeza das pessoas naquela luta e, ao mesmo tempo, naquela alegria. Já fui à feira de Viçosa algumas vezes, também no próprio mercado da produção de Maceió. Mas é um trabalho ainda incipiente.”
Sua primeira grande expedição foi na região dos lençóis maranhenses. “Passei um bom período imerso ali tanto na fotografia quanto na natureza. Na sequência fiz outra com colegas fotógrafos até o sul de Minas, passando pelo Recôncavo Baiano, Chapada Diamantina”. O trabalho de Alexandre busca valorizar tanto a paisagem quanto as pessoas que habitam naquele local, sem dar ênfase a nenhum dos dois. Seu objetivo é retratar essa ligação e essa sinergia.
Algumas das imagens feitas nos lençóis maranhenses ficaram expostas na mostra Souls, que também contou com outros artistas como João Facchinetti, Thiago Sobral, Jorge Vieira e Alberto Lima. Alexandre também já participou de exposições coletivas ligadas a grupos como o Pernambuco Fotoclube e a Agência Fragma.
Para ele, a arte fotográfica é um aprendizado constante. “Meu objetivo principal é o amadurecimento, tentar crescer e evoluir como fotógrafo. Busco a fotografia tanto como um fim, quanto um meio”.
FOTO DE CAPA: Da série “Águas da lagoa“, de Alexandre Carvalho
Endereço Eletrônico
Arthur Celso : Facebook: facebook.com/arthurcelsofotografia/ | Instagram: @arthurcelsofotografia
Alexandre Carvalho : Facebook: facebook.com/ammcarvalho | Instagram: @ammcarvalho
Confira também:
1ª edição – A poesia das formas em preto e branco de Luísa Patury e Tony Admond
2ª edição – A simbiose fotográfica de Jorge Vieira e Thiago Sobral
3ª edição – João Facchinetti e Alberto Lima – Multiplicando a fotografia em Alagoas
4ª edição – João Dionísio e Cláudia Leite – experiências visuais antropológicas com perspectiva documental
5ª edição – As histórias visuais de Ricardo Lêdo e Ailton Cruz
6ª edição – Construindo caminhos fotográficos com Luna Gavazza e Andréa Guido
7ª edição – Renata Voss e Francisco Oiticica – Produção vanguardista e acadêmica na fotografia
8ª edição – As águas e paisagens fotográficas de Ramatis Haywanon e Marcelo Albuquerque
parabéns aos autores pelas belas fotografias.
Nicollas parabéns pelo excelente trabalho de divulgação desses fotoartistas que atuam com muita responsbiliade e ética. Desejo lhe muito sucesso e que continue q divulgar cada vez mais trabelhos excelentes. Parabéns
Nicolas esse material esta sendo impresso?
Está sim. Dentro da nossa coluna que sai toda sexta-feira no Jornal de Arapiraca. Você pode conferir as colunas que já saíram aqui: https://aquiacola.net/aqui-acola-offline/