Os artistas e produtores culturais Alice Barros e Robertson Dorta têm uma parcela bastante significativa na produção artística visual recente de Alagoas. Entre exposições próprias, curadorias, montagens e projetos, a parceria já perdura há 14 anos construindo pontes e palmilhando caminhos para que a produção visual alagoana consiga chegar aos olhos e corações das pessoas. O Aqui Acolá foi até o ateliê da dupla e conversou sobre suas trajetórias e os destinos que a vida toma em razão da arte.



Alice Barros nasceu em Arapiraca. Após morar em vários estados do Nordeste, ela e a família fixaram morada em Brasília, já na passagem da infância para a adolescência. Lá tomou contato com a arte e a educação, duas áreas que confluíram e tomaram sua vida. “Voltei para cá em 2001 e nesse período foi que conheci verdadeiramente Alagoas cultural e artisticamente e isso mudou toda a minha visão daqui”, relembra. Alice conheceu pessoas, artistas e as produções culturais alagoanas e se reconheceu em seu próprio lugar.
“Várias coisas eu fiz e aprendi antes disso, várias pessoas conheci, mas parece que a gente só começa quando entendemos essa origem”, desabafa. Para ela, duas vertentes da arte visual que ela carrega desde sempre e procura misturá-las em seus trabalhos são o surrealismo e a arte popular. “Também nunca desconectei a música das artes visuais. Por mais invisível que a música fosse, achava que era ela quem coloria e esculpia tudo aquilo”.
Robertson nasceu em Maceió e, segundo ele, não se considera artista. “Apenas um ‘entrão’ em arte”, revela. Todo o seu conhecimento e os trabalhos que produziu, sejam obras, curadorias ou montagens de exposições, são frutos de sua curiosidade e criatividade. “A gente só faz arte porque quer se comunicar com o outro”, afirma Alice. “A gente quer que o outro cante, pense a respeito, converse; a gente quer esse contato. É uma construção do mundo e a gente acredita nisso, senão nada disso tem sentido”. Os dois se conheceram na Galeria de Arte do Sesc Centro, à época de uma exposição coletiva de Persivaldo Figueirôa, Marco Aurélio e Jocelene, e juntaram vidas, conhecimentos e universos artísticos.
“Começamos a conversar sobre literatura e filosofia e marcamos alguns encontros, mas nunca dava certo”, lembra Alice. “Depois de uns 3 anos foi que a gente realmente se encontrou e começamos a fazer umas parcerias bem sutis de pensar algumas coisas, mas efetivamente só começamos a produzir juntos em 2004”. De lá pra cá, foram inúmeros trabalhos de curadoria, montagem, oficinas e produção de projetos.
“O acervo da pintora Tânia de Maya Pedrosa no Iphan é um dos trabalhos que podemos citar como mais marcantes no qual trabalhamos”, afirma Robertson.






“E simbolicamente a exposição Arte e Fatos Kariri Xocó, que começou de uma maneira bem despretensiosa com poucos objetos. Construímos uma árvore com cordas e a tribo toda foi ver a exposição, foi bem interessante”, conclui ele. “Muitas outras também marcaram, afinal tudo tem um peso”, confessa Alice.





Além das curadorias e montagens, os dois também trabalharam em exposições individuais umas dos outros. Alice ainda em Brasília já fazia seus trabalhos e experimentações artísticas alternativas na universidade e quando chegou a Maceió expôs pela primeira vez no Iphan na mostra Antropomorfia – À sombra dos orixás em 2015. Já Robertson contabiliza algumas exposições individuais no antigo shopping Iguatemi, Aliança Francesa, Sesc e sua mais recente no Iphan em 2016 intitulada Signos Miméticos-Poéticos.
Para o futuro, a parceria dos dois promete continuar do jeito que vem acontecendo durante os últimos anos – repleta de criatividade, invenção e coragem para reunir as pessoas e comunicar-se com elas através da arte e da imaginação.
*Texto: Nicollas Serafim | Produção, revisão e edição: Iranei Barreto | Acervo Fotográfico de Robertson Dorta
Genios..
Indomaveissss!