Em cartaz até o final de abril no Centro Cultural Arte Pajuçara, a exposição ColetivaMente reúne trabalhos de 11 artistas de diferentes estilos e estéticas. Mas além da beleza, criatividade e qualidade das obras expostas, o que chama bastante atenção é a crescente união dessa categoria em prol da valorização de seus trabalhos e a ocupação dos espaços na cidade de Maceió.
Segundo a curadora Viviani Duarte, essa interação vem acontecendo desde o Maceió Cultural, espaço aberto no Maceió Shopping onde mais de 30 artistas expuseram suas obras de dezembro de 2015 até março deste ano. “Essa experiência que tivemos foi muito boa. As pessoas chegavam, conversavam com os artistas, viviam e respiravam a arte”, diz ela.
A abertura da ColetivaMente aconteceu no dia 19 de março e contou com apresentações musicais de Mário Alencar e da banda Freedom Songs, aguçando ainda mais os sentidos do público. “A exposição traz as características de cada artista individualmente, mas mostra um diálogo entre eles e cria a estética da exposição, que é essa mente coletiva mesmo”, afirma Viviani. No espaço, estão trabalhos de Adriana Jardim, Chico Viveiros, Frédérique Groutars, Ives Lins, Levy Paz, Lilian Barbosa, Marcos Aurélio, Myrian Almeida (MYRI), Persivaldo Figueiroa e Teresa Lima.

“A gente tem uma mistura e um ecletismo muito interessante nessa exposição. Desde trabalhos abstratos, instalações, obras com papietagem, colagem de tecidos, além do fato de termos conseguido juntar artistas novos e consagrados num mesmo espaço”, comenta a curadora.
Viviani já vem há algum tempo aglutinando as pessoas ligadas às artes visuais no estado. Ela é membro fundadora da Associação dos Artistas Visuais Profissionais de Alagoas, que já existe há dois anos. “Nós desenvolvemos essa associação tanto pra juntar os artistas e buscarmos espaços para exposições como para tratar de políticas na área das artes visuais. É muito importante mantermos essa união”, diz ela.

A coordenadora da exposição, Lilian Barbosa, também produziu para a mostra. “A proposta foi de trabalhar coletivamente mesmo. Então agarrei essa ideia e começamos a trabalhar em conjunto”, afirma. “Uma das principais bandeiras desse trabalho é unir os artistas e o público e tivemos muito êxito nesse quesito. As pessoas estão gostando, vindo e interagindo”. Ela trabalha com instalação, papietagem, e arte sustentável, abordando a abstração e o surrealismo.

Adriana Jardim está com três obras expostas que misturam a técnica da papietagem com acrílico sobre tela. “Acho importante ações como essa de juntar as pessoas, principalmente por questões de espaço aqui em Maceió. As exposições coletivas dão oportunidades para muitos artistas”, diz.

O projeto também abre espaço para artistas recém-chegados a Maceió. Frédérique Groutars é holandesa e começou a trabalhar com arte profissionalmente quando veio morar no Brasil há 11 anos. Morando em Maceió há quatro meses, tomou contato com outros artistas visuais e já está bastante entrosada. Seus quadros utilizam a fotografia integrada à pintura, em geral abstrata. “O Maceió Cultural e a ColetivaMente são as primeiras exposições coletivas que participo. Aqui as coisas fluíram melhor para mim, estou muito bem recebida, as pessoas estão abertas ao meu trabalho e eu fico bastante agradecida por isso”, comenta.

A pintora Teresa Lima mostra seu lado figurativo e surreal nas duas telas em acrílico que estão à mostra na ColetivaMente. Já participou de exposições no Centro de Convenções de Maceió, no MUPA, no Cesmac, Teatro Deodoro e no Cenarte. “É muito bom um espaço como esse, tanto para os artistas novos quanto para os experientes. Só valoriza o nosso trabalho”.

Myrian Almeida, conhecida como MYRI, trabalha há algum tempo com pintura, e ultimamente vem se dedicado a colagens, fotografias e tecidos em suas telas. “Expor coletivamente é uma experiência muito boa, porque quando a gente junta tantos artistas e obras, a gente só amplia a nossa criatividade. Um vai incentivando, encorajando e inspirando o outro”, diz.
Ela também destacou a importância da junção dos artistas. “Está aparecendo muita gente nova e todos estão sendo bem acolhidos. Eu nunca tinha coragem de expor assim publicamente os meus trabalhos e hoje já me sinto muito bem aceita”, comenta. “Hoje quem tem seu trabalho, tem onde mostrar. O momento está sendo muito bom, e eu acho que vai melhorar muito mais, ainda”.

O experiente Chico Viveiros também está presente na exposição ColetivaMente com três trabalhos em acrílico sobre tela. Ele havia passado um tempo afastado do meio artístico, mas agora voltou com tudo e com força. A troca de experiências e convivências com os demais pintores vem sendo determinante para seu fazer artístico. “Ultimamente as portas estão sendo abertas pra o artista alagoano, que está sendo mais reconhecido”, afirma ele.

Levy Paz é outro artista conhecido e de muita bagagem em Alagoas. Ele fala como é trabalhar em conjunto. “É sempre motivador e empolgante estar numa coletiva de trabalhos tão diversificados. Maceió é um pouco carente de espaços para isso, então poder expor num espaço fantástico como o Arte Pajuçara é gratificante e nos entusiasma a produzir mais”.
Além deles, Ives Lins e Mário Alencar também abrilhantam a exposição com trabalhos em arte digital, além dos já consagrados Marcos Aurélio e Persivaldo Figueirôa. Ives foi responsável pelo projeto gráfico da mostra, e Mário também participou da abertura com uma apresentação musical.
EXPOSIÇÃO ColetivaMente | LOCAL: Centro Cultural Arte Pajuçara fica aberto de terça a domingo | VISITAÇÃO: das 15 às 22 horas | ENTRADA: gratuita.