A pintura entrou na vida do alagoano Pedro Cabral como uma maré cheia invade a praia e surpreende a todos de repente. Quando ele deu por si, já estava mergulhado e cercado de tintas e pincéis por todos os lados. Pedro é o artista especial do mês de abril e recebeu o Aqui Acolá em sua casa para conversar sobre vida, arte e suas impressões do mundo.
Nasceu em 1956 e passou a infância no então distrito de Fernão Velho (hoje bairro de Maceió). Dentro da vila operária, tinha contato com tudo o que chamava atenção dos garotos naquela época: via cinema, música com as bandas de baile, festas populares religiosas, tudo sem precisar sair do seu reduto.
A primeira vez que despertou para sua própria arte foi no Jardim Infantil, quando uma professora elogiou seu desenho.
“Nunca me esqueço disso porque foi a primeira vez que alguém elogiou algo que eu fiz, fora os meus pais”, lembra sorrindo.
“Naquela época também me lembro de ficar observando uns quadros que via na casa de minha mãe e na mercearia que um tio meu tinha. As cores me chamavam muito a atenção”.
Algum tempo depois, a família mudou-se para Maceió e o jovem Pedro entrou no rio caudaloso das letras e da poesia. “Lia e escrevia muito quando adolescente”, diz. Entrou na primeira turma da faculdade de Arquitetura da cidade e na convivência com os colegas despertou novamente sua vontade pelo desenho.
“A arte com a pintura e o desenho entrou em definitivo na minha vida em 1981, quando me casei”, comenta. “Sem dinheiro e vendo as paredes do apartamento todas brancas e sem nada, resolvi colorir meus desenhos e emoldurá-los.
Depois, quando construí minha casa já estava estudando mais sobre a pintura, aí comecei a me aventurar com os pincéis de verdade”, lembra.
Autodidata, começou a experimentar com as tintas a óleo, porém com o intuito apenas de decorar as paredes da casa. “Terminei me separando e em 2004 quando encontrei com minha companheira atual veio essa vontade mais forte de pintar. Dessa vez já mostrava e oferecia aos amigos, mas ainda com certo receio de mostrar para muita gente”.
Aos poucos, Pedro foi conseguindo entrar com seu trabalho nas exposições coletivas. A primeira experiência individual aconteceu em Marechal Deodoro.
“Durante uma Festa Literária, o Carlito Lima me ofereceu um espaço para colocar meus quadros. “Depois eu comecei a viajar e a visitar várias mostras e fui adquirindo conhecimento, senso crítico e estético de como fazer algo que fosse agradável para as pessoas, além dos quadros”.
Tudo isso resultou em sua primeira exposição individual “Razões do Coração”, realizada em 2015 na Galeria do Cesmac, sob curadoria de Ricardo Maia. “Ali sim tinha uma proposta, uma unidade. Tinha 50 telas, com poesias e tudo foi muito pensado. Essa exposição me deu muita alegria”, diz.
Pedro Cabral diz que não tem estilo definido. “Eu busco, na verdade, uma escola. Estudei do Impressionismo para cá e me encantei com o Fauvismo pela liberdade das cores, que sempre foram muitos fortes em mim, mais do que o desenho ou a composição”, revela. “E fico perambulando, tentando encontrar um meio termo entre o figurativo e o abstrato”.
Em sua trajetória, já participou de mostras coletivas como no Salão de Arte Contemporânea, Museu Pierre Chalita, Iphan, as exposições “Cadeira” e a mais recente “Cama”.
Intervenção Aqui Acolá
Para a sua intervenção na logomarca, Pedro contou que resolveu tomar o sentido do Aqui Acolá como um instrumento de comunicação.
“Imaginei pássaros carregando uma flor, simbolizando a informação e o trajeto que ela percorre aqui e acolá”, revela. “Pensei em dois pássaros como mensageiros – como o blog é a mensagem – cruzando o sentido diagonal, para dar o movimento, aliado às figuras de bailarinas – como símbolo da arte. A tradução seria que o Aqui Acolá é um grande mensageiro da arte levando e trazendo sempre bons ventos e boas notícias”.
Confira também post sobre a exposição “Razões do Coração” – Paleta de cores vibrantes de Pedro Cabral traduz as razões do coração
*Os créditos da imagem que ilustra a capa deste post é de Felipe Farias