De voz branda, jeito manso e conciliador, Pedro Cabral é uma daquelas pessoas que você conhece há pouco, mas parece que é da vida toda. Os desavisados poderiam até imaginar, julgando pelo seu temperamento, que na paleta de cores dele reina os tons pastel. Ledo engano! Cabral tem seu próprio vermelho e junto com ele uma gama de cores fortes, quentes e vibrantes que reunidas na exposição “Razões do Coração” representam 20 anos de dedicação à arte. A mostra individual segue até 06 de novembro na Galeria do Cesmac.
As 50 telas espalhadas pela Galeria representam a relação do artista com o mundo e as coisas que o cercam. Dividida por séries, que devido ao formato da galeria mais parece vagões, a exposição convida o visitante a fazer um passeio pelas cores, amores, referências do universo infantil, lembranças afetivas, representações da cultura popular e nordestina, cenas do cotidiano, o gosto pela música e pela poesia, o flerte com a obra do artista europeu Matisse, versão sobre o episodio dos Índios Caetés X Bispo Sardinha.
Enquanto isso, o barqueiro Caronte se coloca na entrada fitando o passeio e, ao que parece, está ali justamente para lembrar a passagem transitória da vida.
Técnicas e referências
Cabral, que além de artista plástico é arquiteto e professor de Arquitetura e Urbanismo na Ufal, desenvolveu ao longo destes 20 anos um processo de estudos, leituras, visitas a museus, que afinal foi moldaram suas técnicas e conceitos. Adotou princípios do fauvismo, movimento que durou apenas um ano na França e que tinha em Matisse sua maior expressão.
“As cores dos fauvistas eram alegres. Eles foram para o sul da França para procurar o sol. Nós estamos no Nordeste, temos esse sol, a luz, as cores,” constata Cabral. “… Mas não seguindo in totum o fauvismo, pegando um pouquinho de cada coisa: Picasso, Monet, embora não me considere um fauvista. Numa escala de 1 a 10, estou no 3 dessa coisa aí,” enfatizou.
“Toda minha escola eu parti do impressionismo para cá. Concentrei meu estudo no impressionismo, final do século 19. Monet, Lautrec, Van Gogh. As cores de Van Gogh, o amarelo, abracei o amarelo do Van Gogh com um carinho extraordinário. As pinceladas eu fui buscar de Monet. São vários tijolinhos que foram me ajudando a chegar ao que estou fazendo agora,” completa.
O Aqui Acolá foi conferir a montagem da exposição e conversou com o curador da exposição Ricardo Maia e com Pedro Cabral, que nos contou um pouco da sua história e das razões que deram vida a sua primeira grande individual. Confira!
Exposição – Razões do Coração | LOCAL: Galeria de arte Fernando Lopes (Cesmac) | ENDEREÇO: Rua Cônego Machado, s/n, bairro do Farol | HORÁRIO DE VISITAÇÃO: segunda, quarta, quinta e sexta, das 14h às 17h; terça, das 14h às 20h | PERÍODO: Até 06 de novembro | BLOG: pedrocabralartes | PAGE: Exposição ‘Razões do Coração’, de Pedro Cabral | ENTRADA FRANCA
O ensaio fotográfico tem assinatura do jornalista e fotógrafo Isaac Neves. O álbum completo pode ser conferido no nosso Flickr/ Exposição Razões do Coração.
Iranei, as entrevistas ficaram maravilhosas. Ricardo Maia precisa nos brindar com seu conhecimento em arte, com um curso URGENTE.rs! As obras do Pedro são um espetáculo.