
Aliando materiais recicláveis e que não seriam mais utilizados com elementos tradicionais das artes visuais, o pernambucano radicado em Alagoas Persivaldo Figueirôa brinca com a sua imaginação e a do público através de suas obras. O Blog Aqui Acolá conversou com o artista sobre o importante elemento da sustentabilidade dentro do seu fazer artístico. Criativo e inventivo, Persivaldo transita por muitos formatos das artes visuais, expressando seus sentimentos e necessidades através dos desenhos, das tintas e dos materiais reutilizados por ele para fazer com que a obra ganhe mais vida e movimento, numa amálgama de elementos que se fundem em seus trabalhos tão marcantes e característicos.
Ele afirma que a integração dos elementos sustentáveis no seu trabalho aconteceu naturalmente. “Não teve um ponto de partida pensado, intencional. Quando comecei a criar as esculturas na técnica de papietagem (que já se vão mais de 15 anos) iniciei essa relação com o reaproveitamento de jornal e papelão”, relembra. “Meu interesse era dar volume, tridimensionar minhas obras”, revela. “A reciclagem vem como suporte. Eu queria sair das telas, das pinturas em parede, criar objetos.”
Para Persivaldo Figueirôa, a arte tem o poder de mostrar o que é o belo, provocar questionamentos em nossas ações e transformar lixo em luxo.
“O artista tem sempre esse olhar questionador e cuidar do planeta é uma obrigação de todos nós, vai muito além da arte, é uma necessidade vital”, desabafa.




Contudo, a preocupação ambiental sempre existiu em sua vida. “Inicialmente não com esse olhar artístico, mas cuidar da natureza é um fator que esteve sempre presente”, diz ele. Unindo o útil ao agradável, Persivaldo consegue com a reutilização de materiais como plástico, papelão, vidro, brinquedos e demais objetos quebrados uma maneira de inserir novos elementos em seu trabalho. “Reciclar se mistura nesse processo e aos poucos evolui e começa ter essa conotação ambiental, não só pelo modismo”. Através, ainda, das oficinas e workshops que ministra, ele busca desenvolver e despertar no público-alvo, geralmente jovens, a utilização dessas técnicas e, consequentemente, despertar dentro deles a consciência ambiental.
Com quase 20 anos de carreira profissional, Persivaldo Figueirôa é natural de Vertentes-PE, mas já são mais de 37 anos vivendo em Maceió. Sua pintura se destaca, fundamentalmente, pelo figurativo. Seja humana, animais ou criaturas (inventadas ou não), a figura sempre se destaca em seus trabalhos. Cenas e situações do cotidiano também têm presença garantida em suas obras, assim como os elementos do folclore nordestino.
Curioso, ele também já se aventurou por outros caminhos da arte, como a escultura, o ferro, a argila e a confecção e decoração de máscaras de carnaval. Outra característica marcante de seu trabalho são as pinturas de grandes dimensões. Já mostrou suas obras em diversas exposições individuais e coletivas pelo Brasil e o mundo, além de sempre estar sendo chamado para decorar ambientes em diversas lojas especializadas em arquitetura de Maceió.
Toda a gama de materiais utilizados por ele revela o poder de criatividade do artista. Segundo Persivaldo, sua arte é sempre aberta a mudanças, seja na busca de novos materiais, experiências e/ou temáticas.
“Com isso, seja qual for a vertente que por ventura possa estar utilizando, alguns elementos pictóricos dentro desse meu universo da arte cria uma identidade no meu trabalho”, comenta.
Uma de suas obras mais recentes, e que está chamando bastante atenção, é a instalação “Tartarugas” feita na calçada da orla da praia de Cruz das Almas, em Maceió. “Esse trabalho representa uma somatória de tudo que faço: pintura, escultura, reciclagem, preservação ambiental”, diz ele. A ideia da obra já era antiga, e com o apoio da prefeitura da cidade, foi possível realizá-la.
“Quando Fábio Palmeira da prefeitura cogitou a possibilidade de usar material reciclado e a possibilidade de usar orelhões e cúpulas de luminárias disponíveis, imediatamente já visualizei tartarugas no formato dos orelhões”, revela. O conceito do trabalho é chamar a atenção para o lixo jogado de forma errada, o que acaba contaminando os oceanos e provocando uma cadeia de ações prejudiciais ao meio-ambiente. “Colocar um trabalho na orla aumenta a responsabilidade em saber que, entre as praias de Ipioca e Jatiúca, existem locais de reprodução (desovas) de tartarugas”.



























Instagram: @persivaldofigueiroa