*Nicollas Serafim
A cantora e compositora Suzi Mariana marca a estreia desta coluna com a força de sua voz e a qualidade de sua música. Desde o lançamento de seu primeiro trabalho solo em 2016 (o EP que leva seu nome), Suzi vem despontando e trilhando seu caminho no espaço da música alagoana. De voz poderosa, letras fortes e pegada roqueira brasileira, sua música se destaca pela singularidade que todos esses elementos produzem juntos. Com seu novo trabalho gravado e prestes a estrear seu novo show “Pagando o preço”, ela desembarca em Maceió e no Teatro de Arena para marcar e fixar território no cenário autoral da cidade.

Suzi nasceu na cidade de Delmiro Gouveia, mas cresceu em Água Branca, ambos municípios do sertão de Alagoas. Simbolicamente, da fonte de água límpida da cidade (de onde provem o nome Água Branca) jorrou também seu talento para cantar, tocar e compor, o qual vem desaguando desde 2016 em terras alagoanas, nordestinas e correndo em outras direções brasileiras.
A música pegou-lhe pelos ouvidos e se espalhou por sua vida naturalmente: “Através da família, dos vizinhos, dos discos, CDs, fitas, do rádio, das novelas e dos filmes” afirma ela. O marco inicial de sua carreira musical data de 2012, mas ela conta que essa trajetória ganhou corpo propriamente quando lançou seu primeiro EP autoral em 2016. “A partir daí eu comecei a enxergar melhor o processo e me construir artisticamente/musicalmente e espalhar aquilo que vim fazer no mundo”, relembra.
Com seis faixas, o álbum é bem produzido e nele Suzi apresenta sua voz forte, constante e segura sob uma sonoridade de pop rock em seis canções bem distribuídas. Após o lançamento, formatou o show “Abrigo” e conseguiu apresentá-lo em cidades como Paulo Afonso na Bahia, em Maceió no Teatro Jofre Soares no Sesc Centro, Arapiraca no Teatro Hermeto Pascoal e por Água Branca no Festival de Inverno.
Suas referências artísticas são diversas e podem ser percebidas naturalmente em suas canções. “Posso mencionar que amo o Folk, Rock, Blues, Jazz, MPB e muita música dos anos 70 e 80”. Artista do palco e do ao vivo, Suzi já é íntima de grandes apresentações autorais como o recente Festival de Inverno de Água Branca, além de festivais competitivos como o Femufal (da Universidade Federal de Alagoas) e o Em Cantos (da Secretaria de Estado da Cultura). A artista também se apresentou em duas edições do Festival Internacional de Compositoras (Sonora Festival), uma em Aracaju e outra em Olinda.
Já em 2020, atuando como produtora cultural no Pub Abajur, arrecadou fundos para a gravação do single “Mar Solidão”. No ano seguinte, em abril, lançou o single e videoclipe de “Ainda há tempo” e em novembro saiu seu segundo EP “Pagando o Preço”, fruto do apoio da Lei Aldir Blanc.
Já este ano contou com o apoio de fãs apoiadores para lançar uma sessão de vídeos ao vivo com banda em estúdio. Para ela, o maior desafio de uma carreira independente é o financiamento para a execução dos projetos. “Sem essa coisinha aí (grana) tudo fica mais difícil, os desafios ficam ainda mais presentes. Mas é isso aí! Artista independente também vive “pagando o preço” pelas escolhas que faz”, reflete.
“Depois de dez anos de andanças musicais, bebendo muito da fonte de grandes bandas de rock e blues dos anos 70 como Queen, Led Zeppelin, Rory Gallagher entre outros, esse EP surge numa fase da carreira de Suzi em que ela passou a compreender melhor sobre tudo aquilo que acredita e gosta de compor, somando-se aqui também os efeitos emocionais provocados num período pandêmico, sendo o resultado de novas experiências auditivas, novas leituras de mundo e de vida”, aponta em seu portifólio.
Suas composições demonstram as reflexões de um ser pensante apontando para si, mas em direção ao mundo a seu redor. “O processo de escrever varia muito, mas observo que meu eu compositora tem uma quedinha pela noite”, revela. “Então a maioria das minhas composições surgem no período noturno ou de madrugada. Tenho um parceiro musical incrível que faz arranjos belíssimos para as minhas canções, o guitarrista de Paulo Afonso/BA, Igor Gnomo”. A primeira pessoa de grande parte de suas letras se transfere para o ouvinte, com a força das palavras impulsionadas pela sua entoação precisa, em conjunto com a pulsação do instrumental roqueiro liderado pelo guitarrista Igor Gnomo.
“Vejo minha carreira exatamente onde ela deveria estar, nem com menos e nem com mais, apenas seguindo o fluxo da vida e batalhando pra subir degrau por degrau de uma escada infinita”, comenta ela. A cada degrau, Suzi calcula seus próximos passos cada vez mais focada em seu processo de evolução. “Quero sempre levar um trabalho sério e de qualidade pra quem confia no meu som”.
Sobre seus desejos e sonhos com a música, ela segue mirando alto e caminhando com os pés no chão. “Tenho sonhos, por exemplo, lançar um álbum em formato físico e digital, um DVD, fazer shows pelo Brasil todinho, fazer um feat com Zé Ramalho. Só quero tudo, não é?”, ri. “Mas colocando meus pés no chão, meu maior desejo é espalhar meu som autoral, fazer shows em diferentes lugares, para pessoas diferentes também. Não chamo mais isso de sonho, mas sim de objetivo e eu estou me organizando e lutando pra que isso vá acontecendo aos poucos dentro da minha realidade, entende?”
De malas prontas para fixar morada na capital alagoana, para o futuro, seu desejo é continuar estudando e aprendendo, vivenciando a música de todas as maneiras. “Junto a isso meu maior plano é espalhar minha música para diversos lugares”, afirma. Atualmente, está produzindo seu novo show “Pagando o Preço” que será apresentado no dia 15 de setembro no Teatro de Arena Sérgio Cardoso. Os ingressos podem ser adquiridos através do link https://www.sympla.com.br/evento/show-pagando-o-preco-suzi-mariana/1688059.




*Nicollas Serafim – Maceioense, 30 anos e jornalista formado pela Universidade Federal de Alagoas. Trabalhou como estagiário no portal de notícias mais.al e na Assessoria de Comunicação do Instituto Zumbi dos Palmares. Repórter colaborador do blog Aqui Acolá desde fevereiro de 2016, é também compositor e amante das palavras e das imagens. Seus interesses passeiam pelas manifestações e expressões populares, do folclore à crônica, do futebol à música.
Instagram: @suzimariana