Autor: Dayrone Lima*
Para uma viagem pelo nordeste
Vem comigo caba da peste
Vou te apresentar
Os estados do meu lugá
Aqui o povo é macho
Tem também uns de caba safado
Terra de lampião
Muita praia e baião
Correndo pelo litorá
Paraíba é fenomená
Do interior até João
Só encontro povo bão
Povo matuto mais guerreiro
De nada sente medo
Se cortar errado vai pro facão
Se falar muito vai pro caixão
A viagem vai ficar doida
Vô vortá pá Alagoas
Nas terras dos marechá
Tudo é bom pra daná
Da praia de Pajuçara,
Maragogi a duas barra
Batalha, Penedo e majó
Terra de um encanto só
De lá saiu Djavan, dona Marta e uns espertã
Collor e os Marechá, três presidente saiu de lá.
Mas de nada vai valer se eu num falar do Ceará.
Tudo cabeça chata é o povo que vive lá.
Didi mocó fez ôcê rir, padin ciçu viveu ali.
Amigo de Lampião.
Meio herói, meio ladrão.
É um povo de muita fé
Duma briga não arreda o pé
Comendo cocada e quebra queixo
Fazer o povo rir é seu desejo
Falar em comida, lembrei da Bahia
Tem acarajé e vatapá
Música também é famosa por lá
Do candomblé ao axé
Já vi Ivete, Raul e o Zé
Caetano, Gil e Chiclete
Os tri elétrico alegria do nordeste.
Subindo o elevador lacerda
Dá pavê o mundo todo
Olha Pernambuco, Recife é logo ali teu tolo
Do frevo ao maracatú
Lá eu até dancei lundum
Andei no carnavá
Por boa viagem, Olinda
E por toda capitá.
Pelos coquerá eu passei
Água de coco tomei
Do artesanato de lá,
O fuxico é pá exportá
Lá já era feliz, mas precisei caminhá
Andei só um tiquinho, no piauí fui parar
Este lugar é arretado
Aquele povo é um barato
Mulher macho tem em Teresina
Terra de cilibrina
Abençoado por nosso senhor
Piauí é um show.
Quando pensei em ficar por lá
Aracaju fui visita
Me apaixonei pelo Sergipe
De forró aquele povo vive
São Cristóvão, estância e propriá
O véio Chico passa por lá
Água limpa e cristalina
Mata as sede dos meninos e das meninas.
Sou andejo por demais então logo fui atrás
De um lugar de aconchego
Por isso maranhão é meu apego
Dos lençóis não quis sair
Viajei por imperatriz
Passei a noite em codó escutei reggae que só
Comi farinha d’agua e mocotó
Bumba meu boi, tambor de criola
Cacuriá e arroz de cuxá
São Luís mim sorti
Porque eu tenho muita sorte
Minha viagem vai continuá
No rio grande eu vou chegar
No mercado de ponta negra
Festa do boi eu fui vê
Do coro da caprina
Fiz sandália pra correr
Lá naquele sertão
Derrubei boi na mão
E pra relaxar
Fui nas praia de natá
Viajei por todo nordeste
E só vi um tico do que podia
Pra minha cultura continuar a aumentar
Zé Ramalho vou escutá
Vou comprar um livro pra lê
Mestre graça tentar entendê
Graciliano é um nerdão
Das terras de lampião.
Mulher bonita é o que num farta
Pra ganhar tem que ter lábia
Pra falar o nordestês
Dicionário Aurélio Buarque fez.
É bom vê o sol raiá
A cana de açúcar chupá
A cachaça tomar.
Pegar um carro de boi
Com um destino pra nóis dois
Esse lugar não tem migué
É a terra dos índio caeté.
* Dayrone Lima é músico trompetista, professor de Matemática e cursa Publicidade e Propaganda, na Facima. Comanda o blog Dayrone Lima Opina . Instagram: @dayronelima