Percursos: Narrativas Poéticas da Cidade

Percursos #2 | Viagem Pelo Nordeste (Um cordel diferente)

Autor: Dayrone Lima*

 

Para uma viagem pelo nordeste

Vem comigo caba da peste

Vou te apresentar

Os estados do meu lugá

Aqui o povo é macho

Tem também uns de caba safado

Terra de lampião

Muita praia e baião

Correndo pelo litorá

Paraíba é fenomená

Do interior até João

Só encontro povo bão

Povo matuto mais guerreiro

De nada sente medo

Se cortar errado vai pro facão

Se falar muito vai pro caixão

A viagem vai ficar doida

Vô vortá pá Alagoas

Nas terras dos marechá

Tudo é bom pra daná

Da praia de Pajuçara,

Maragogi a duas barra

Batalha, Penedo e majó

Terra de um encanto só

De lá saiu Djavan, dona Marta e uns espertã

Collor e os Marechá, três presidente saiu de lá.

Mas de nada vai valer se eu num falar do Ceará.

Tudo cabeça chata é o povo que vive lá.

Didi mocó fez ôcê rir, padin ciçu viveu ali.

Amigo de Lampião.

Meio herói, meio ladrão.

É um povo de muita fé

Duma briga não arreda o pé

Comendo cocada e quebra queixo

Fazer o povo rir é seu desejo

Falar em comida, lembrei da Bahia

Tem acarajé e vatapá

Música também é famosa por lá

Do candomblé ao axé

Já vi Ivete, Raul e o Zé

Caetano, Gil e Chiclete

Os tri elétrico alegria do nordeste.

Subindo o elevador lacerda

Dá pavê o mundo todo

Olha Pernambuco, Recife é logo ali teu tolo

Do frevo ao maracatú

Lá eu até dancei lundum

Andei no carnavá

Por boa viagem, Olinda

E por toda capitá.

Pelos coquerá eu passei

Água de coco tomei

Do artesanato de lá,

O fuxico é pá exportá

Lá já era feliz, mas precisei caminhá

Andei só um tiquinho, no piauí fui parar

Este lugar é arretado

Aquele povo é um barato

Mulher macho tem em Teresina

Terra de cilibrina

Abençoado por nosso senhor

Piauí é um show.

Quando pensei em ficar por lá

Aracaju fui visita

Me apaixonei pelo Sergipe

De forró aquele povo vive

São Cristóvão, estância e propriá

O véio Chico passa por lá

Água limpa e cristalina

Mata as sede dos meninos e das meninas.

Sou andejo por demais então logo fui atrás

De um lugar de aconchego

Por isso maranhão é meu apego

Dos lençóis não quis sair

Viajei por imperatriz

Passei a noite em codó escutei reggae que só

Comi farinha d’agua e mocotó

Bumba meu boi, tambor de criola

Cacuriá e arroz de cuxá

São Luís mim sorti

Porque eu tenho muita sorte

Minha viagem vai continuá

No rio grande eu vou chegar

No mercado de ponta negra

Festa do boi eu fui vê

Do coro da caprina

Fiz sandália pra correr

Lá naquele sertão

Derrubei boi na mão

E pra relaxar

Fui nas praia de natá

Viajei por todo nordeste

E só vi um tico do que podia

Pra minha cultura continuar a aumentar

Zé Ramalho vou escutá

Vou comprar um livro pra lê

Mestre graça tentar entendê

Graciliano é um nerdão

Das terras de lampião.

Mulher bonita é o que num farta

Pra ganhar tem que ter lábia

Pra falar o nordestês

Dicionário Aurélio Buarque fez.

É bom vê o sol raiá

A cana de açúcar chupá

A cachaça tomar.

Pegar um carro de boi

Com um destino pra nóis dois

Esse lugar não tem migué

É a terra dos índio caeté.

 

* Dayrone Lima é músico trompetista, professor de Matemática e cursa  Publicidade e Propaganda, na Facima.  Comanda o blog Dayrone Lima Opina .  Instagram: @dayronelima

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