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 “O Grande Veleiro” segue ancorado em Maceió apresentando vida e obra de Bispo do Rosário

Se alguém te contasse que uma das maiores referências da arte contemporânea brasileira viveu por meio século em instituições psiquiátricas e que se quer tinha noção que o resultado do seu trabalho um dia seria classificado como arte, você acreditaria?  Vamos lá então, a história é bem verdadeira e estamos falando do artista plástico Arthur Bispo do Rosário. Aqui em Maceió, na Galeria de Arte do SESC Centro, atracou a mostra itinerante “O Grande Veleiro”, que permanece até 11 de agosto apresentando a vida e obra deste sergipano de Japaratuba.

Se alguém te contasse que uma das maiores referências da arte contemporânea brasileira viveu por meio século em instituições psiquiátricas e que se quer tinha noção que o resultado do seu trabalho um dia seria classificado como arte, você acreditaria?  Vamos lá então, a história é bem verdadeira e estamos falando do artista plástico Arthur Bispo do Rosário. Aqui em Maceió, na Galeria de Arte do SESC Centro, atracou a mostra itinerante “O Grande Veleiro”, que permanece até 11 de agosto apresentando a vida e obra deste sergipano de Japaratuba.

Aqui Acolá - Arthur Bispo do Rósario. (1)
Foto: Divulgação

 

Aqui Acolá - Bispo do Rosário. (24)
Foto: Divulgação

Para quem ainda não conhece essa história, vamos adiantar o final, as obras de Bispo do Rosário conseguiram sim atravessar os altos muros das instituições psiquiátricas e obtiveram o devido reconhecimento nacional e internacional. Mas, vamos ao começo da história!

Aqui Acolá - Arthur Bispo do Rósario. (9)

Aqui Acolá - Arthur Bispo do Rósario. (10)

Arthur Bispo do Rosário Nasceu em 1909. Era filho de carpinteiro. Apaixonado pelo mar, ingressou na Marinha em 1925. Foi também no mar que descobriu sua segunda paixão: o boxe. Uma coisa inviabilizou a outra e Bispo foi expulso da carreira militar. Do pugilismo foi afastado devido a um acidente que feriu gravemente seu pé.

Depois do acidente, continuou no Rio de Janeiro, trabalhando como caseiro do advogado José Maria Leone até que em 22 de dezembro de 1938, aos 29 anos, Bispo do Rosário teve seu primeiro surto. Conduzido por um imaginário exército de anjos se apresentou na igreja da Candelária aos padres como incumbido de “julgar os vivos e os mortos”.

Aqui Acolá - Arthur Bispo do Rósario. (5)
Foto: Divulgação

 

Blog Aqui Acolá - Arthur Bispo do Rosário - Foto Divulgação
Foto: Divulgação

Ele se convertia na figura de Jesus Cristo, mas acabaria sob o domínio da psiquiatria”, ressaltou a escritora Luciana Hidalgo no texto “As artes de Arthur Bispo do Rosário”.  Internado no Hospital Nacional dos Alienados foi diagnosticado como esquizofrênico- paranóico e transferido para a Colônia Juliano Moreira, hospício na época considerado “fim de linha”. Dos mais agitados, acabou ficando isolado. E foi Nessas fases de isolamento que a arte brotou.

 

Aqui Acolá - Arthur Bispo do Rósario. (2)
Foto: Divulgação
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Foto: Divulgação

 

Em 1967, Arthur Bispo do Rosário recebeu a segunda e grande “missão” de reorganizar todas as coisas existentes na terra para a sua reapresentação no “Dia do Juízo Final”. E por 07 anos consecutivos construiu suas obras no conjunto de celas-fortes do Pavilhão 10, na Colônia Juliano Moreira.  A produção de Arthur Bispo do Rosário durou 50 anos dentro Juliano Moreira e viabilizou discussões sobre arte e loucura, identidade e territórios, tanto no campo das artes quanto na psicologia e na sociologia, através da literatura, com a biografia produzida pela escritora Luciana Hidalgo.

Aqui Acolá - Bispo do Rosário. (13)
Foto: Divulgação
Aqui Acolá - Bispo do Rosário. (4)
Foto: Divulgação

Segundo pesquisas realizadas pelo crítico de artes, Frederico Morais, a partir da década de 60, Bispo passou a produzir objetos com diversos itens oriundos do lixo e da sucata que, após a sua descoberta, foram classificados como arte vanguardista e comparados à obra de Marcel Duchamp.

Entre os temas, destacam-se navios (tema recorrente devido à sua relação com a Marinha na juventude), estandartes, faixas de misses e objetos domésticos. A sua obra mais conhecida é o “Manto da Apresentação”, que Bispo deveria vestir no dia do Juízo Final. Bordados no manto estão os nomes das pessoas que ele julgava merecedoras de subir aos céus – mulheres, em sua esmagadora maioria.

Aqui Acolá - Bispo do Rosário. (8)
Foto: Divulgação
Aqui Acolá - Bispo do Rosário. (17)
Foto: Divulgação

 

Em 1982, o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro expôs alguns exemplares do universo de Bispo numa coletiva reunindo presidiários, menores infratores e idosos, intitulada “À margem da vida”. Bispo do Rosário faleceu em 1989, ano em que teve sua primeira individual – “Registros de minha passagem na terra”.

Os trabalhos do artista não apenas transpuseram os muros do hospital psiquiátrico, como chegaram inclusive na prestigiada Bienal de Veneza e em vários museus espalhados pelo mundo. O sergipano também deu nome ao Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea, situado dentro do Instituto Municipal de Assistência à Saúde Juliano Moreira.

Blog Aqui Acolá - Grande Veleiro- Fotos Roberson Dorta (7)
Foto: Divulgação

Exposições – Atualmente duas exposições itinerantes promovidas pelo SESC sobre Bispo do Rosário percorrem o Brasil: “Arthur Bispo do Rosário: A Alguns Centímetros do Chão, que está percorrendo o interior paulista pela primeira vez com obras originais do artista.  E a mostra “O Grande Veleiro” que segue em cartaz aqui em Maceió e teve início na Unidade Centro do Sesc Aracaju. Em seguida, entre agosto e setembro, estará na Escola Sesc de Ensino Médio, no Rio de Janeiro, e depois, entre outubro e novembro, no Centro Cultural Sesc Paraty. Em 2018, a exposição ainda circulará por outras cidades brasileiras, a serem definidas.

 A mostra “O Grande Veleiro” é interativa, conta com jogos e obras que podem ser tocadas pelo público e que remontam à trajetória de Bispo do Rosário. A imagem do veleiro, que dá nome e é bastante marcante em toda a exposição, remete aos anos em que ele atuou na Marinha Brasileira, quando se mudou de Sergipe para o Rio de Janeiro, em 1925.

Mostra O Grande Veleiro edição Maceió. Foto: Roberson Dorta

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A exposição ganhou em Maceió oficinas diárias de bordado do Grupo BordAzul – bordadeiras do Litoral Norte; exposição fotográfica resultado de atividades terapêuticas do Caps Maceió; atividades como contação de histórias, com Damiana Melo e bate-papo com o Prof. Dr. Severino Alves de Lucena Filho, lançamento do livro “Festa Junina em Portugal: Marcas culturais no contexto de folkmarketing”.

A montagem tem assinatura de Alice Barros e Robertson Dorta, a organização ficou por conta da analista em Artes Visuais do SESC, Kelcy Ferreira, e mediação de Álvaro Henrique. As visitas poderão ser feitas de segunda a sexta, das 12h às 18 horas. Entrada gratuita.

Blog Aqui Acolá - O Grande Veleiro (4)

Blog Aqui Acolá - O Grande Veleiro (1)


*Texto: Iranei Barreto   | Fotografia: Divulgação e  Robertson Dorta (Exposição O Grande Veleiro)

1 comentário

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