Cuidado com pessoas como ela! Quem debruçar os sentidos e ouvidos sobre as canções de Cris Braun vai perceber um trabalho denso, cuidadoso e Atemporal. Sua música pode ser comparada à tradução musical de uma história, de uma Fábula ou um Filme. Com um novo trabalho engatilhado, o Aqui Acolá conversou com a artista sobre sua vida, sua carreira e a música.
Nascida em Porto Alegre, ouvia Caetano Veloso, Elis Regina, Nat King Cole, Glenn Miller Orchestra na infância e o interesse pela música foi despertando. Na adolescência em Maceió, gastava toda a mesada com discos de vinil, e quando foi para o Rio de Janeiro em 1980 resolveu explorar mais e estudar o violão que levara.
“Não deu muito certo porque o professor dizia que eu tinha os dedos duros. Mas, mesmo assim, formamos uma banda lá da escola e começamos a fazer shows em bares da moda, na época”, lembra ela.
Com o tempo, foi se enturmando com muitos músicos e os caminhos foram aparecendo na capital carioca. “Fiz um show muito doido com o Dado Villa-Lobos e o Fred Nascimento, que tocavam com a Legião e eram meus amigos. Um repertório de covers, muito interessante”, revela.
Também conheceu Alvin L, compositor de muitos intérpretes como Marina Lima, Capital Inicial, Leila Pinheiro e Ana Carolina, e foi convidada por ele para formar um grupo só de mulheres chamado Favoritas da Marinha.
Logo na sequência, tornou-se vocalista dos Sex Beatles, banda de rock formada pelo próprio Alvin L.
“Ele tinha muitas letras interessantes e ideias muito boas. Na época, o Renato (Russo) estava parado e o Alvin chamou o Dado pra tocar com a banda”, diz. “Depois a coisa começou a crescer e o Dado ficou produzindo a gente. Fizemos dois discos, Automobília em 1994, e Mondo Passionale no ano seguinte”.
Com o fim da banda, Cris passou a dedicar total atenção às suas próprias canções. Uma música sua, “Como é que eu vou embora”, foi gravada pelo Kid Abelha e elevou seu nome como compositora.
Pelo sucesso da música, Cris ainda contribuiu com mais algumas parcerias com o Kid Abelha. “Aí a Marina Lima foi contratada pela Universal e ganhou um selo chamado Fullgás e me chamou pra gravar meu primeiro disco solo, que eu chamei de Cuidado Com Pessoas Como Eu”. O disco foi lançado em 1997 e ganhou ótima repercussão.
“Fiz tudo que era televisão, ganhei música em novela”, lembra “Foi o que me deu uma certa base nesse sentido de mercado para poder ser independente e reabrir sempre esse espaço na mídia”.
O segundo trabalho solo, Atemporal, tem uma aura mais introspectiva e saiu em 2005. “Nessa época estava em Teresópolis, na serra, no meio do mato”, recorda ela. “Tinha um conceito de muitas cordas – no caso, guitarras – e os arranjos eram todos pensados para elas. É um disco bem contemplativo”.
Já Fábula, de 2012, foi gravado entre Maceió e Rio de Janeiro, com uma boa mistura entre os músicos das duas cidades. “É uma espécie de continuação do Atemporal com essa minha ideia de que o mundo precisa menos de estímulo e mais contemplação”.
As canções foram dispostas de modo a acompanhar a trajetória do personagem, um anjo que caía na Terra e virava homem, experimentando a inocência, sua perda, os sentimentos humanos e o resgate dessa inocência.
O álbum é encerrado com “Memória da Flor”, composição de Júnior Almeida e Zé Paulo. “Essa música é um absurdo, uma poesia belíssima e inexplicável”.
Seu mais novo trabalho, chamado “Filme”, sairá nos próximos meses. “Não é um disco solo. É um trabalho meu e do Dinho Zampier, no qual eu quis fazer diferente e construímos todas as canções a partir do teclado”. O álbum contou ainda com participações de Toni Augusto, Ykson Nascimento, Allysson Paz e Thiago. No Rio, Sacha Ambak e Billy Brandão também tocaram e produziram uma faixa cada um.
Com o conceito bastante ligado ao instrumental e ao novo modo de ouvir música atualmente com as playlists, Cris e Dinho foram formatando o trabalho até que ele virasse uma trilha sonora – mas de um filme que não existe.
“Ainda pra fechar o conceito, chamei o Henrique Oliveira, diretor super talentoso para trabalhar, mas sem roteiro e sem história. Eu queria imagens aleatórias com as músicas”, diz. “Fomos para o sertão e fizemos imagens incríveis que vão fazer parte do show de lançamento, que será feito em Maceió e no Rio”.
Cris Braun demonstra estar num estágio maduro de sua carreira. “É um momento tranqüilo, onde não tenho nem expectativas, nem desgostos. Acho que estou virando exatamente o que eu me encaminhei pra ser, uma artista cult. Estou fazendo o que eu quero, expressando o que eu desejo. Isso me satisfaz.”
Nesse novo cenário da música envolvido pelas ferramentas digitais, ela acredita que os novos músicos aprenderam a se movimentar no ambiente virtual. “Fui há pouco tempo no show da Unidade Nova Praia e gostei bastante. Os novos artistas têm uma consciência e um profissionalismo muito grande. Acho que temos uma cena super quente e promissora, que eu destaco a Troco em Bala, Favela Soul, Bruno Berle, Elisa Lemos, Flora.”
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quero agradecer de coração o carinho aqui !!! obrigada !! adorei