Uma das grandes referências em arte popular no mundo, a alagoana Tania de Maya Pedrosa, está em cartaz na exposição Naïf Tania em última semana. O visitante que entrar no Complexo Cultural do Teatro Deodoro estará rodeado de manifestações visuais populares, que sempre foi a marca e a grande paixão da artista e colecionadora. Ao todo, são 22 obras entre pinturas, instalações, roupas, acessórios e esculturas do seu imenso acervo de artistas populares. A mostra fica em cartaz até este sábado (06).

Ela já estudou piano e cursou Direito, mas foi com as artes visuais que Tania encontrou prazer na vida e vem percorrendo esse caminho de descobertas, cores e saberes há mais de 40 anos.
“Fazia livros para artistas alagoanos, mas pintava meus quadros escondida”, lembra ela. “Até que um dos diretores do Sesc ficou sabendo que eu me interessava pela arte Naïf e me convenceu a mandar umas telas minhas para um evento em São Paulo. Dias depois chegou a notícia que eu tinha tirado o primeiro lugar e uma obra minha foi capa do catálogo”.
A arte Naïf pode ser traduzida como arte ingênua, primitiva ou popular, ou seja, não-acadêmica, uma arte pura.



A partir daí, seu nome e seu currículo só aumentaram, junto com sua sede de pintura e descoberta de outros artistas. Além de colecionar exposições e menções como uma das maiores artistas naïfs do mundo, iniciou uma jornada em busca de obras populares pelo Brasil que resultou numa enorme e importante coleção.
“Ia para Boca da Mata, Caruaru, Recife, pelo sertão, subindo e descendo serra a procura de artistas. Eu me encantei muito”, revela. Uma parte desse acervo riquíssimo pode ser conferido no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional de Alagoas (Iphan), na exposição “A invenção da Terra”.
Segundo a curadora Ana Maia Nobre, a exposição foi baseada em toda a obra de Tânia. “A sua trajetória artística se confunde com a sua vida, desde a adolescência”, comenta Ana. “Tania não é só uma artista e colecionadora de obras populares, ela foi uma vanguarda em Alagoas”.



Alice Barros e Robertson Dorta foram responsáveis pela montagem da exposição em conjunto com a curadora Ana Maia Nobre. A dupla já trabalha com Tania Pedrosa desde 2013 e conhecem a fundo o trabalho da artista e colecionadora.
“Acompanho o trabalho da Tania há 15 anos e isso também foi fundamental na montagem da exposição. Tania é uma pessoa que incentiva a conversa, o compartilhar. Ela nos dá essa porta aberta”, diz Alice. “Robertson e eu tivemos liberdade para imprimir nossas ideias e conceitos expográficos também e o resultado final foi satisfatório”.



“A repercussão foi muito além do que imaginei”, revela Ana Maia. “Fantástica! Já recebi três convites para expô-la no Rio, Minas e lá fora. Está muito prestigiada”.
“A abertura foi um sucesso, com muita gente na noite do lançamento. Eu sou alagoana, e perceber que todo esse trabalho ao qual dediquei grande parte da minha vida é tão reconhecido é uma alegria imensa”, comenta Tania.
*As imagens do slide assim como da capa deste post são do fotógrafo Adalberto Farias