Música

Seguindo os passos de Clemilda

A realeza do forró nacional conta com nomes de alagoanos que tão bem representaram seu estado e a diversidade cultural presente neste pedaço de terra, que além de ser abençoado por belezas naturais, conta também com o maior número de folguedos do Brasil. Desfilam na galeria dos grandes nomes do ritmo nordestino artistas alagoanos do quilate de Jacinto Silva, Gerson Filho, Genaro, Mestre Zinho, só para citar alguns nomes. E Alagoas conta ainda com sua grande representante feminina, a forrozeira de São José da Laje, Clemilda, que conquistou o Brasil com singles como: “Forró sem Briga” (1965); “Prenda o Tadeu” (1985); “Seu Tuzinho” (1991); “Forró Cheiroso” (1987), mais conhecido como “Talco no Salão”, além de outros. Canções em sua maioria com duplo sentido, comuns na década de 80.

A realeza do forró nacional conta com nomes de alagoanos que tão bem representaram seu estado e a diversidade cultural presente neste pedaço de terra, que além de ser abençoado por belezas naturais, conta também com o maior número de folguedos do Brasil.

Desfilam na galeria dos grandes nomes do ritmo nordestino artistas alagoanos do quilate de Jacinto Silva, Gerson Filho, Genaro, Mestre Zinho, só para citar alguns nomes. E Alagoas conta ainda com sua grande representante feminina, a forrozeira de São José da Laje, Clemilda, que conquistou o Brasil com singles como: “Forró sem Briga” (1965); “Prenda o Tadeu” (1985); “Seu Tuzinho” (1991); “Forró Cheiroso” (1987), mais conhecido como “Talco no Salão”, além de outros. Canções em sua maioria com duplo sentido, comuns na década de 80.

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Apesar do grande sucesso e do amor por sua terra, foi em Aracaju (SE) que Clemilda e o seu companheiro de vida e de palco, o também forrozeiro alagoano Gerson Filho conquistaram espaço e o amor de um povo que os recebeu “Com toda a pompa e circunstância”. Ao casal foi entregue a coroa de Rei e Rainha do Forró Sergipano e tem sido assim há mais de meio século.

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 Para nós que trabalhamos resgatando histórias de grandes nomes da nossa cultura, por meio de projetos especiais realizados pelo Instituto Zumbi dos Palmares, fica um misto de orgulho e um pouco de tristeza também. Orgulho por vê que apesar do tempo, Sergipe não tem memória curta, algo tão comum no Brasil, e sabe muito bem prestigiar os seus e aos que acolhe como tal. Triste por constatar que Alagoas não trata tão bem seus ilustres artistas.

Tive o prazer de visitar a exposição “Clemilda – Morena dos Olhos Preto”, em cartaz no Museu Da Gente Sergipana, em Aracaju. Uma das exposições mais interessantes, ricas em conteúdo e modernas que já tive o prazer de visitar. A exposição homenageia os 50 anos de carreira da artista e sua devoção a Sergipe.

Exposição  “Clemilda – Morena dos Olhos Preto”, em cartaz no Museu Da Gente Sergipana, em Aracaju(SE).

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Quando conheci Clemilda 

Quando criança, lembro-me de já ter rido muito com a canção “Prenda o Tadeu”. Minha vó, digamos não aceita bem as músicas de duplo sentido, e quando a tal música tocava no rádio ou a Clemilda aparecia na TV minha vó sempre retrucava, o que deixava a situação ainda mais divertida.

Passados alguns bons anos, eis que tenho o prazer de conhecer Clemilda pessoalmente, graças ao projeto IZP no São João de Alagoas, em 2012. Já bastante doente, Clemilda aceitou nos receber (Eu, Ivan Barsand, Isaac Neves e José Lessa, nosso colaborador e amigo da cantora), mas não permitiu que tirássemos fotos, nem que gravássemos a conversa. Um balde de água fria para o trabalho, mas uma grata satisfação pessoal.

Ficamos na casa dela por cerca de uma hora e meia. Ela não poupou Alagoas pelo esquecimento. Em uma de suas falas disse: “Não me deram nem um nome de uma esquina”. Tentei amenizar a situação. “…mas estamos aqui justamente para corrigir isso, levando um pouco do seu trabalho e da sua trajetória”. De nada adiantou. Ela continuou debulhando suas mágoas. Desisti! Ivan Barsand engatou uma conversa com ela sobre sua carreira e o tempo que ela cantava Guerreiro. Ela logo esqueceu as mágoas e começou a lembrar dos bons tempos.

Enquanto os dois conversavam, me chamou atenção às paredes cheias de recordações, discos de ouro dela e de Gerson Filho, fotografias de familiares e dos amigos ilustres. Eventos especiais que agora decoram uma parede cheia de recordações. Não nego que cheguei a sentir saudade de um tempo que não vivi e de uma história que não me pertencia. Os filhos já não estavam mais com ela e o marido faleceu. Ela, que na época apresentava o programa “Forró no Asfalto”, por mais de 40 anos, na Rádio e TV Aperipê, nem sabia, mas estava prestes a deixar de apresentar por conta da saúde.

Clemilda consagrada Rainha do forró sergipano cantando ao lados do filho Robertinho dos 8 Baixos
Clemilda consagrada Rainha do forró sergipano cantando ao lados do filho Robertinho dos 8 Baixos

Nos despedimos dela e saímos de lá com a certeza de que estávamos diante de uma pessoa única e muito querida. Foi um começo de uma afeição pessoal e profissional que dura até hoje.

Tentei em 2013 uma nova entrevista, novamente fomos para Aracaju (Eu, Givaldo Kleber, Isaac Neves, Fábio Camelo e José Lessa), mas, Clemilda estava ainda mais doente e não tivemos como conversar com ela. Seu filho Robertinho foi quem nos recebeu e falou um pouco da sua história e dos pais famosos. Este ano, não tentamos contato durante o projeto. Tive notícias de que estava ainda mais doente, tinha tido um AVC no final de maio e ainda estava na UTI.

Mas, em virtude das comemorações dos 50 anos de carreira de Clemilda, retornamos a Aracaju para pegarmos depoimentos de colegas de trabalho, familiares, acervo musical e material audiovisual cedido pela Fundação Aperipê para um especial que estamos preparando. Clemilda depois de enfrentar sérios problemas de saúde, faleceu na madrugada desta quarta-feira, dia 26, de novembro de 2014. Descanse em paz, Morena dos olhos pretos!

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