Nascido em Palmeira dos Índios, mas adepto da cultura e folclore sertanejos onde o indivíduo pertence a terra onde seu umbigo foi enterrado, o artista visual tornou-se filho de Santana do Ipanema, berço do sertão alagoano. Aos 7 anos, mudou os ares interioranos e veio morar em Maceió. Através dos quadrinhos, desenvolveu seu gosto pelas artes. Somado a isso, com influências que vão desde o rock, Salvador Dalí até o grafite, Suel tornou-se um dos mais importantes artistas contemporâneos de Alagoas.
Outra grande influência de seu trabalho do artista são as capas de discos, principalmente os de rock ‘n’ roll. “Um dos caras que eu mais gosto, o H. R. Giger, criador do Alien, fez dezenas de capas de CD. Quanto ao lance mais soturno ele é um dos artistas que mais admiro”, comenta ele.






“No que diz respeito à pintura mais convencional e acadêmica, apesar de eu ser um autodidata e nunca ter frequentado academia, um dos grandes mestres é Salvador Dalí. Mas também curto os impressionistas e expressionistas”. A arte pop (“não só Andy Warhol”) também está presente no trabalho de Suel. “É bem difícil dizer o que eu gosto, porque eu gosto de tudo”, diz ele. “Uma coisa que não faço é repetição, essa coisa de criar estilo. ”
Ele conta que começou de maneira bem artesanal, pintando camisas para os amigos. “Cheguei ainda a trabalhar em feirinhas na Pajuçara e no antigo Cheiro da Terra (ou Cheiro das Trevas)”, brinca. “Montei uma banquinha e era só desilusão porque eu fazia umas camisas massas, uns Wolverines irados e os turistas só pediam pra eu desenhar Minnie e Mickey”, lembra.
Sua carreira começou a tomar projeção na cidade quando foi descoberto pela arquitetura. “Fiz uma camisa com um Bob Marley pra uma ex-namorada e ela trabalhava num escritório de arquitetos. O pessoal gostou e acabei pintando uma parede lá e a coisa foi ficando mais fácil”. Além do rock, Suel também tem influências da cultura hip hop, o que o fez utilizar o grafite em seus trabalhos. “Também gosto muito de tinta acrílica, mas hoje a demanda do grafite em painéis e paredes está em alta”.
Em sua primeira exposição individual ele lembra que tinha trabalhos de todos os estilos. “Tinha releituras de obras antigas de Van Gogh, pedacinhos de tecnologias desmanteladas e coladas na tela. Eu não tinha foco, chutei pra todo lado”, afirma. “Algum tempo depois um grande incentivador meu, o Delson Uchôa, visitou outra exposição que fiz onde eu coloquei um tema. Aí ele me disse – agora sim você encontrou algo seu, achou um foco”.
Contudo, Suel não é adepto das repetições e sempre procura fazer algo diferente para seu próximo trabalho. “O artista tem que trabalhar com o que tem. E esse negócio de ficar se repetindo eu não gosto”, diz. “Isso acaba virando um grande drama para o artista contemporâneo: tentar ser original. Hoje em dia, tudo já foi feito. Se eu tiver uma ideia para uma obra e jogá-la no Google, com certeza alguém já fez. E na maioria das vezes muito melhor do que eu pretendia”.
Uma das pessoas mais importantes para a construção do trabalho de Suel é Carol Gusmão. “Ela é minha curadora, esposa, incentivadora e musa inspiradora. Eu só faço mais arte por influência dela”, declara.
Intervenção: Para a sua intervenção na logomarca do blog Aqui Acolá, Suel relata que a ideia foi trazer aspectos e elementos marinhos, símbolos da beleza e da identidade alagoana. “Eu quis colocar o Aqui Acolá dentro da água”, comenta ele. “É o que Alagoas tem de bom e de bonito, as águas. E os políticos”, brinca. “Mesmo com a ideia definida, tudo pode acontecer. Durante o processo de criação é que as coisas acontecem”, diz ele.
*Texto: Nicollas Serafim | Reedição: Iranei Barreto | Diagramação: Michael Bandeira | Crédito das imagens: Acervo fotográfico do artista
Link da 1ª publicação da matéria de 27 de Setembro de 2017:
https://aquiacola.net/2017/09/27/suel-cordeiro-a-pintura-grudada-na-pele/