O olho humano possui um campo de visão em torno de 150°. No entanto, o artista Eduardo Bastos nos convida a ampliar o olhar numa viagem ao redor de nosso lugar através de suas aquarelas. Com curadoria de Socorrinho Lamenha, a exposição 360° traz a visão de Eduardo das pessoas, ruas e atmosferas da cidade e suas relações. O Aqui Acolá conversou com o artista e a curadora e foi conferir as obras que estão expostas no Complexo Cultural do Teatro Deodoro.
O conceito da exposição foi sugerido pela curadora Socorrinho Lamenha, que notou a amplitude e pluralidade de temas na produção de Eduardo Bastos. “O título 360° faz uma alusão a esse múltiplo e diversificado olhar, creio que algo como se você observasse todo seu entorno”, diz o artista. “O conceito e o título da exposição se referem à abrangência dos temas abordados e de, como em um círculo, nossos olhares voltam ao ponto de partida provocando uma reflexão mais aprofundada do que estamos vendo”, revela Socorrinho.
A mostra é dividida em temas: ALMA – nosso folclore, GENTE – as favelas, MEMÓRIA – edificações relevantes e históricas, SOMBRAS – os que nelas habitam, PERCEPÇÃO – os artistas, VISÍVEIS E INVISÍVEIS – os que estão no foco da mídia e os que ela ignora, MÃOS – trabalhadores e TERRA – índios e candomblé (cujos orixás simbolizam as forças da natureza).
“Eduardo é um artista prolífico, ativo, que produz diariamente. Devido ao grande número de obras já produzidas, optamos por mostrá-las todas, divididas em temas”, revela a curador.
São cerca de 160 aquarelas, a maioria produzida in loco para absorver as nuances e detalhes do local retratado, com acabamento no ateliê do artista. “Eduardo Bastos tem esse olhar treinado pelos anos de estudo técnico como arquiteto e aprimorado pela extrema capacidade de desvelar o que está escondido nas brechas e desvãos dos nossos caminhos, registrando em primorosas aquarelas suas impressões”, diz Socorrinho no texto curatorial.
“Acredito que o lançamento foi um sucesso, não esperava tantas pessoas”, revela ele. “O esforço, o carinho e o compromisso da professora Sheyla Maluf e do Alexandre Holanda fizeram a diferença. Quando fazemos as coisas com amor, o resultado é só satisfação”.
Esta é a segunda exposição individual do pintor maceioense, que também é arquiteto e professor de Design. Suas aquarelas são resultados de andanças pelas ruas da cidade, atuando como um poeta visual de Maceió e buscando capturar as experiências vividas pelos lugares. “Uma exposição física do seu trabalho é sempre um marco na carreira do artista. Nós estamos acostumados a mostrar nossos trabalhos nas redes sociais, mas não é a mesma coisa. O contato direto com o público, a aproximação real e a interação entre esse público e a sua obra é algo fascinante. Percebo o brilho no olhar, as reações e as impressões de maneira mais direta, isso me estimula e me deixa feliz”, relata.
Para a professora Socorrinho Lamenha, a repercussão do trabalho está excelente. “As obras falam diretamente aos nossos corações e mentes. O trabalho de Eduardo Bastos ilustra nossa cidade, suas ruas e seus habitantes, revelando suas peculiaridades, alertando-nos para que os enxerguemos como gente, comunguemos com suas almas e nos tornemos parte de um todo”, revela.
360° teve sua abertura em maio e segue em cartaz até o dia 21 de julho, com visitação gratuita de segunda a sábado das 8 às 18h; às quartas das 8 às 20h; e aos domingos e feriados das 14 às 17h.
360° | Complexo Cultural do Teatro Deodoro – Rua Barão de Maceió, 375. Centro, Maceió-AL. | Até o dia 21 de julho. Entrada gratuita.