O mês de abril será especial para os amantes da fotografia em Maceió. Do dia 2 ao dia 20 acontece o primeiro encontro de fotografia criativa na cidade – o Fotosururu. São palestras, workshops, leitura de portfólios, convocatórias e exposições, numa programação vasta que pretende brotar um ambiente para pensar e vivenciar a cultura fotográfica em Alagoas, bem como marcar o estado como parte do roteiro de eventos dessa natureza no Brasil.
Além de contar com grandes fotógrafos e pesquisadores visuais da cultura local como Celso Brandão, João Facchinetti, Francisco Oiticica, Karla Melanias, Renata Voss, Fernanda Rechenberg e Siloé Amorim, o Fotosururu também convidou nomes como Eder Chiodetto, Hélia Scheppa, Jacqueline Hoofendy, Marcelinho Hora e Nair Benedicto para compor o grupo de palestrantes, o qual promete uma participação ampla e próxima com o público, no sentido de compartilhar saberes e visões.
As palestras e oficinas acontecerão entre os dias 19 e 20, porém as exposições e mostras já iniciaram e seguem até o mês de maio. A programação teve início na última terça-feira (02) com a coletiva de fotógrafos alagoanos na abertura da exposição “Mosaico” no Maceió Shopping. Segundo o idealizador do encontro, Jorge Vieira, serão duas mostras por semana, totalizando seis. “Teremos um corredor de exposições que vai de Mangabeiras ao Centro, passando por Jaraguá. O objetivo nosso é fazer a cidade respirar fotografia”, diz ele, que também conta com a fotógrafa Gabi Coêlho na produção do evento. O Fotosururu tem como palco além do Maceió Shopping, o Museu Théo Brandão, o Galpão 422, O Museu da Imagem e do Som (MISA), o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), a Fundação Pierre Chalita e o Complexo Cultural do Teatro Deodoro.
Segundo Jorge, a ideia de organizar o evento se deu quando ele percebeu que a fotografia alagoana possuía maturidade e valores artísticos com um grande potencial.
“Temos artistas aqui que merecem uma inserção melhor no cenário nacional”, afirma. “Daí surgiu um dos objetivos do Fotosururu, que é dar visibilidade para a arte produzida em Alagoas, fomentar essa cultura aqui no estado e trazer para Maceió a imagem de um bom destino para a fotografia brasileira”.
Os preparativos começaram ainda em outubro de 2018 quando Jorge propôs a ideia para a fotógrafa Gabi Coêlho, e os dois passaram a trabalhar em toda a parte organizacional para a realização do evento. No último mês de março, uma equipe de voluntários se juntou à dupla para auxiliar na montagem das exposições e no trabalho cultural. Para Jorge, apesar do apoio das entidades públicas e algumas empresas privadas, os desafios de organizar um evento dessa amplitude são muito grandes.
“Dos desafios, o principal deles é a falta de recursos”, comenta Gabi Coêlho. “Acredito que o cenário não está favorável a isso a nível nacional. Encontramos barreiras porque a economia parece não colaborar. Não é nem uma questão de falta de interesse por parte dos apoiadores que procuramos. Parece mais uma falta de possibilidades mesmo”, revela.
“O nordeste, de modo geral, está começando a fazer um levante de produção artística no campo da fotografia. Acho que poderíamos dizer que é o “grito dos excluídos” por tanto tempo”, diz ela. “Por outro lado, esse grito está sendo ouvido e acolhido pelo resto do país. Temos ótimos nomes da fotografia nacional comprando a ideia dos eventos aqui no nordeste, estão recebendo o FotoSururu com bastante alegria”. Para Gabi, por ser o primeiro festival nacional, também é a primeira vez que os olhos da fotografia brasileira se voltam para Alagoas.
“Creio que seja uma contribuição de um valor inestimável, porque a gente se insere num contexto maior, nacionalmente falando. Contudo nos traz uma responsabilidade também encorpada com o que vai ser feito daqui para frente”, afirma Jorge Vieira. “Essa troca de experiência e de conteúdo com os convidados que estamos trazendo nos abre muito a perspectiva de uma produção fotográfica com maior qualidade, com mais cuidado. Então acredito que seja de uma importância significativa a realização de um evento como esse”. Gabi também reconhece a troca de experiências como o ponto alto do festival. “Por um lado, nossa produção será vista; por outro, beberemos de outras fontes, outras linguagens”, enfatiza.
IMAGEM DE CAPA: Jorge Vieira | Texto: Nicollas Serafim | Produção e revisão: Iranei Barreto
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