A exposição coletiva “Da margem para dentro” transpôs as ruas da cidade para o interior da Galeria CESMAC de Arte Fernando Lopes. As paredes do espaço se transformaram nos muros pintados espalhados por toda Maceió, evidenciando o grafite e a arte urbana como um todo. Com curadoria de Carol Gusmão, a mostra conta com obras dos artistas Daniel Baboo, Rafael Santos, Tars, MunGanga, Suel, Wado, Levy Paz e Pão.





De acordo com Carol Gusmão, a arte urbana vem ganhando expressividade desde a década de 1950 com o boom da arte contemporânea. Especialmente o grafite e o muralismo têm se colocado como uma forma autêntica de produção estética. O título escolhido se relaciona diretamente com o conceito da exposição.
“O propósito é trabalhar dentro desse viés, no qual o grafite e o muralismo deixam de ser marginais e passam a ser colocados no espaço institucional de uma galeria. Daí o título Da margem para dentro”, comenta ela.
Alguns artistas estão conseguindo trilhar esse movimento inverso pelo mundo, como o inglês Banksy, além de Eduardo Kobra e OSGEMEOS em São Paulo. Com isso, a mostra escolheu privilegiar artistas que trabalham com a linguagem mais urbana para que haja um reconhecimento dessa estética como algo a ser apreciado. “Acho que essa linguagem faz diferença nas cidades contemporâneas”, diz Carol. “Em São Paulo, por exemplo, os grafites são uma festa para os olhos”.



“Sendo pouco a pouco perceptível a inserção da arte urbana no contexto da paisagem da cidade de Maceió entende-se que seu acionamento é permeado por questões dicotômicas. Visto simultaneamente como arte, expressão de sentimentos ou violação de propriedade”, explica Carol no texto curatorial.
As paredes da galeria foram pintadas de cinza para representar o cinza das cidades, e os artistas trabalharam suas as cores por cima delas. A montagem durou uma semana e meia e, segundo a curadora, foi um processo de convivência profundo entre sprays e cheiros de tintas. O lançamento aconteceu no dia 13 de setembro e contou ainda com um pocket show de Wado.
De lá pra cá, o público vem visitando constantemente, o que garantiu que a exposição permaneça até 2019 em cartaz.
“É muito bacana ver a reação das pessoas quando elas veem a parede pintada. Porque, no geral, a parede de uma galeria é sagrada, e aqui existe uma interação entre a parede, o quadro e as pessoas”, comenta.
“É uma exposição que definitivamente está marcando seu lugar na história da arte alagoana recente pela ousadia dos artistas”.
Além disso, o fato do trabalho levantar problemáticas a respeito do papel desses artistas, que transitam entre as margens, para as cidades atualmente, é um fator que soma em importância para a mostra.
GALERIA CESMAC DE ARTE FERNANDO LOPES- Rua Cônego Machado, 1043, Farol| Telefone: (82) 3215-5094 | Quando: de segunda à quinta, das 13h às 17h; sextas das 13h às 16h| Entrada Franca
Texto: Nicollas Serafim | Edição, produção e revisão: Iranei Barreto | Foto: Nicollas Serafim e Acervo de Carol Gusmão
*FOTO DA CAPA: Obra de Pão | Créditos de: Nicollas Serafim