Quem pensa que a música erudita é um tipo de arte distante de ser vivenciada em Maceió está enganado. Através de diversos grupos, projetos e incentivos, a música de concerto vem ganhando espaço e notoriedade entre o público consumidor, assim como entre interessados em se tornar futuros músicos. Um dos responsáveis pela disseminação da arte é o Instituto de Cultura Ero Dictus (ICED), que vem há 7 anos promovendo apresentações, festivais e oficinas. O Aqui Acolá conversou com a pianista Orieta Feijó sobre o cenário e os rumos da música erudita na cidade.

Orieta Feijó tomou contato com a música aos 7 anos de idade através da mãe pianista. Começou estudando em casa, depois passou por conservatórios em cidades como Recife e Porto Alegre por onde morou. Mas foi em Salvador que concluiu seu curso e sentiu os ares da música como profissional. “Parei durante algum tempo, em razão de coisas da vida, mas quando vim morar em Maceió voltei ao piano e surgiu a ideia da criação do instituto”.

Iniciado em 2011, o Instituto de Cultura Ero Dictus (ICED) é presidido pelo compositor Benedito Pontes e nasceu com a finalidade de formação de plateia, a descoberta de novos talentos e a educação musical como um todo.
“Temos uma camerata com 35 músicos – coristas e instrumentistas e de lá pra cá temos feito várias coisas”, diz ela. “Fizemos alguns trabalhos na rua levando música erudita para as periferias, o que foi um momento muito bom, fomos muitíssimo bem recebidos”.
Um dos projetos mais bem sucedidos é o Quartas Eruditas, realizado em parceria com a Diteal, atua há quatro anos na difusão da música clássica entre as crianças da rede pública de ensino de Alagoas. “É um concerto didático muito interessante, às vezes recebemos 300 estudantes que visitam a exposição que esteja em cartaz e depois participam do concerto”, revela. O maestro Max Carvalho é quem comanda o projeto e interage com as crianças de forma lúdica, apresentando os instrumentos e sonoridades e aproximando-os da música erudita.


Além dos alunos, o projeto é aberto a qualquer interessado e de forma gratuita. As apresentações acontecem sempre na última quarta-feira de cada mês, a partir das 15 horas no Complexo Cultural do Teatro Deodoro, em Maceió. “Todos podem acompanhar, nós temos o coração aberto para a música”, sorri.
O Festival Alagoano de Música Erudita (Falame) é outro importante projeto desenvolvido pelo instituto e traz uma grande visibilidade à música clássica. “Reunimos os músicos daqui com artistas de fora e é sempre um encontro interessante. As oficinas são um dos pontos altos do festival”. Ela conta que o cenário para a música erudita em Maceió era bastante escasso, mas com o tempo vários fatores foram se incrementando como a criação de vários coros e da Orquestra Filarmônica de Alagoas. “Mas ainda é necessária muita coisa pra conseguirmos fazer um trabalho melhor. Temos muitas carências de instrumentos, de apoio, dentre outras”, revela.





Segundo ela, a música erudita não é só a música do século passado, mas toda boa música de concerto. “Também estamos com um grupo trabalhando dentro das escolas municipais auxiliando no processo de musicalização das crianças pequenas, isso é muito importante até porque depois elas virão para o teatro, também. Eu acredito muito na música como instrumento educador”, afirma Orieta. “O Quartas está crescendo cada vez mais e a gente está muito feliz porque sentimos que estamos semeando alguma coisa. As crianças precisam disso e através da cultura o ser humano sempre melhora”.
Texto: Nicollas Serafim | Edição, revisão : Iranei Barreto | Foto: Jonathan Lins , João Erisson e Acervo do Instituto de Cultura Ero Dictus (ICED).