Com o objetivo de fomentar a pesquisa, a prática e a difusão das artes visuais fora dos eixos convencionais do Brasil, o projeto Sesc Confluências chega pela primeira vez a Alagoas. Através de encontros colaborativos, a iniciativa tem proporcionado a aproximação, a troca de experiências e o diálogo entre os artistas, estudantes, curadores e gestores culturais selecionados para convergir, posteriormente, no desenvolvimento de projetos relacionados às artes locais. O Aqui Acolá conversou com a responsável pelo projeto em Alagoas Kelcy Ferreira e as mediadoras Nadja Rocha e Mara Pereira.
O Sesc Confluências é uma iniciativa do Sesc Departamento Nacional, que contemplou Alagoas entre os 10 estados escolhidos. “É realizado desde 2015 e já passou pelos estados Pará, Paraíba, Piauí, Santa Catarina, Sergipe e Tocantins”, comenta Mara. Segundo Nadja, uma chamada foi realizada pela instituição e os interessados se candidataram através de uma carta de intenção e apresentação de portfólio, a partir de então foi formado um grupo de 20 pessoas. “O Sesc tem promovido encontros e trocas entre os integrantes desse grupo para que possam melhor se conhecer, trocar experiências e descobrir afinidades”, afirma. De acordo com Kelcy Ferreira, ao longo do ano o grupo recebe assessoria de profissionais especializados para realizar o mapeamento e a construção de projetos que irão contribuir com a cena cultural da região.
O primeiro encontro aconteceu de 20 a 22 de julho deste ano teve como mote o diagnóstico do cenário cultural alagoano.
“Foram percebidos potenciais e lacunas, a exemplo da realização de projetos culturais no interior do Estado ou em bairros distantes do Centro, maior participação das mulheres nas ações culturais, necessidade de formação em áreas como mediação cultural e curadoria e a realização de interlocução crítica sobre os portfólios”, disse Kelcy.
“A experiência de pensar junto sobre a cena cultural local em consonância com a esfera mais ampla, nacional, tem potencializado os discursos e atingindo cada participante de modo peculiar”, aponta Mara.
“Sinto que, em alguma medida, todos nós somos deslocados o tempo todo, confirmando, mas também revendo o que parecia já ser conhecido sobre o estado de Alagoas. Vejo que o projeto tem contribuído para o fortalecimento entre os artistas e não artistas participantes e que isso, aos poucos, já está se expandindo para o estado, com a realização das parcerias entre eles”.
Ao longo do ano, ainda serão realizados dois encontros que contarão com a assessoria externa da pesquisadora em artes visuais Mara Pereira e da assessora estadual do Sesc Nadja Rocha. A próxima reunião será em Arapiraca, por decisão do próprio grupo, e terá ainda passagem pelo ateliê do artista Jackson Lima em Limoeiro de Anadia, diálogos literomusicais com Janu e a atriz Day Teles, artistas que representam a região de Arapiraca.
Para Kelcy, o Confluências em Alagoas alcançou uma singularidade por reunir artistas das mais diversas linguagens – artes visuais, artes cênicas, teatro e dança, música, literatura e audiovisual, além de produtores culturais, educadores e profissionais da comunicação e marketing. De acordo com as mediadoras este perfil é único no contexto dos 10 estados por onde o projeto está ou já esteve e tem tensionado esforços para múltiplas direções. Nadja afirma que o processo ainda está em andamento e é precoce falar em resultados. “Além dos artistas foram contemplados psicólogos, jornalistas, professores, o que nos deu um grupo bastante plural. Sendo assim temos atores, atrizes, dançarinos, artistas visuais, curadores, músicos, designers, ativistas e articuladores culturais envolvidos neste momento na investigação de uma proposta.”
Outro ponto do projeto é se utilizar do SESC como uma incubadora para outras iniciativas.
“A partir disso o grupo está sendo convidado a construir uma ação coletiva que pode ser uma montagem, uma performance, uma publicação, uma residência, enfim, o que o grupo decidir”, comenta Nadja.
Com duração inicial de dois anos, o primeiro é dedicado a essa investigação e o segundo para montagem e realização. “O que tem aparecido como ponto de convergência é o desejo das pessoas de conhecerem a produção umas das outras, de se aproximarem criativamente, de perceberem como essas diferentes linguagens e produções dialogam com a cidade e são afetadas pelas referências culturais e sociais de Alagoas”, conclui.
Participantes em Alagoas
Adriano Roberto Alves da Silva (Maceió)
Alexandrea Constantino (Maceió)
Alice Georgiana Barros (Maceió)
Alisson Gomes de Almeida (Maceió)
Bruna Teixeira Jacintho (Maceió)
Bruno Alves da Silva (Maceió)
Eva Maria Costa Cavalcante (Maceió)
Germano Pereira de Lira (Maceió)
Gianinna Schaeffer Bernardes (Maceió)
Iranei Marques Sá Barreto (Maceió)
Jackson Pereira de Lima (Limoeiro de Anadia)
Jamilla de Paula dos Santos Almeida (Maceió)
Januário Leite da Silva Neto (Arapiraca)
Jessé Batista Júnior (Maceió)
Maria Gloridaiane de Oliveira Teles (Arapiraca)
Nivaldo Soares de Vasconcelos (Maceió)
Reginaldo dos Santos Oliveira (Maceió)
Rosivaldo Reis dos Santos (Maceió)
Thiago Sampaio de Moraes (Maceió)
Ticiane Simões dos Santos (Maceió)
Texto de Nicollas Serafim | Créditos das Imagens : Robertson Dorta e Iranei Barreto | Edição e revisão: Iranei Barreto
* Site do Confluências http://www.sesc.com.br/portal/site/confluencias/home/
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