

Os salões da Pinacoteca Universitária estão carregados de um cheiro de chão e de terra, mas ao mesmo tempo da vastidão dos universos. Essas sensações são provocadas pela exposição “Jardim em suspenso” da artista alagoana Karla Melanias, que fica em cartaz até o mês de março.

Fruto de um trabalho de três anos, “Jardim em suspenso” é resultado de uma pesquisa sobre o fim das coisas se encontrando com o recomeço.
“A exposição fala sobre as coisas da vida e da morte a partir do orgânico, e retrata também o humano projetado potencialmente nesse orgânico”, relata Karla. “Venho realizando esse trabalho com ervas e plantas daninhas, assim como com flores, em geral em decomposição”.
A artista busca também, através da exposição, levar para um espaço artístico de galeria o que nossos olhos cotidianos deixam escapar, tomados pela banalidade do dia a dia.


Além das plantas, o Jardim acolhe animais (especialmente pássaros) que simbolizam o renascimento, inseridos num espaço essencialmente de sonhos. As obras feitas por Karla Melanias são compostas através da luz de um scanner, dando aos elementos telúricos e do chão (como as folhas e as plantas caídas) um aspecto cósmico, de imensidão. O efeito da luz consegue dar ainda uma ilusão de tridimensionalidade nas obras.


O primeiro salão é o espaço cênico da exposição. Uma luz mais densa e escura, num encontro do verde com o azul, abraça as sete obras impressas da artista. Já no segundo salão, estão projeções de 11 de flores daninhas ao som de uma caixinha de música. Além disso, há duas pequenas obras onde o visitante é convidado a tocá-las – uma pequena asa de coruja e uma série de ninhos feita com cabelos humanos, numa simbiose entre o homem e natureza.


“O contato com o público para mim é um privilégio. O retorno está sendo muito rico, o que dá a impressão que a obra está viva”, comenta Karla. “O mais importante para mim é que a obra não seja fechada em si mesma, que cada pessoa interprete de acordo com sua cabeça”, conclui.


Além de artista, Karla Melanias também atua como curadora e pesquisadora, e atualmente está fazendo doutorado em Artes Visuais na Universidade Federal da Bahia.
“Primordialmente eu trabalho com fotografia. Vídeo já fiz algumas coisas bem pontuais, assim como na pintura”, diz. “Eu não fico presa aos suportes. Gosto de criar através das ideias”.
Karla já participou de diversas exposições inclusive internacionais, ora como artista, ora curadora.
