Os olhos da alagoana Eva Le Campion quando se debruçam sobre as coisas da vida desencadeiam pensamentos que preenchem dez quadros na velocidade em que suas mãos produzem apenas um. Ela é a artista especial do mês de dezembro do Aqui Acolá, e contou sobre sua trajetória no mundo das artes visuais.
Segundo Eva, o gosto pela arte chegou inicialmente por uma afinidade genética. Sua mãe também pintava e Eva é sobrinha de Pierre Chalita, figura histórica da pintura alagoana.
“A primeira vez que tomei contato foi num trabalho escolar. Fiz o busto de Dom Pedro e ficou muito bonito, mas eu tirei zero porque a professora não acreditou que tinha sido eu. Foi o zero mais feliz da minha vida, porque eu vi que eu tinha a mão boa”, lembra ela.
A partir daí começou a praticar e desenvolver seu traço, principalmente retratando e copiando. Passou muitos anos estudando desenho e pintura com Chalita e em seguida partiu para o Rio de Janeiro e entrou em contato com os artistas do Parque Lage. “A pintura é como um vício. Ela sempre esteve presente na minha vida”, comenta. “Eu enxergava na arte um refúgio para tudo que eu via no meu mundo, na minha cidade, e me deixava inconformada.”
Trabalhando como assistente social, Eva descobriu o trabalho com o barro através das olarias e as cerâmicas.
“Isso me deu um sentimento de pátria, de povo e de integração muito grande.” Atualmente, ela está planejando uma exposição bastante interessante. “Vai se chamar Expansão Líquida. São desenhos naturais feitos na areia da praia; não por mim, pelo Criador. Eles são fotografados e eu preencho com vermelho ou com azul”.
Já a sua intervenção na logomarca do Aqui Acolá está inserida num trabalho que Eva fez para doar a uma casa de apoio aos portadores de câncer. “Eu quis fazer um encontro do vegetal com o humano, como se isso fosse a cura”, diz ela. “Também tem elementos como o bordado, o étnico e muito branco, o que foi um desafio para mim”.
Eva Le Campion vê a pintura e as expressões artísticas como algo indispensável e indissociável da vida. “A arte é a maneira que eu encontro da vida ser mais feliz. É o jeito que eu tenho de transformar toda a dor que vejo no mundo em significado e sabedoria. A arte faz parte de mim”, revela.
parabéns, EVA… por se colocar, se jogar, se doar para a arte e para a vida… o barro, a areia, o rio, o mar, o ser humano também te parabenizam e agradecem