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Hilda Moura mergulha na alma feminina em “A lágrima das coisas”

 

Hilda Moura
Foto: Felipe Brasil

Com telas e instalações carregadas de singeleza e intimismo, a exposição “A lágrima das coisas” da artista visual Hilda Moura segue captando a atenção e a reflexão do público que for à Pinacoteca da Ufal. Com entrada franca, a mostra segue em cartaz até o dia 18 de novembro.

A ideia para a construção do projeto partiu do poema “Sestina” de Elizabeth Bishop. “O texto trata da relação de uma criança com sua avó e da dificuldade de comunicação entre as duas”, explica Hilda Moura. “No poema, os objetos acabam ganhando vida, numa espécie de fábula ou conto de fadas”. As sensações humanas contidas nos objetos inspiraram a artista a criar “A lágrima das coisas”.

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Foto: Reynaldo Gama

 

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Foto: Reynaldo Gama

“Alguns quadros também partem da fantasia e do mundo das fábulas, onde o humano se confunde com o animal. Tenho uma influência muito grande com esse tipo de trabalho”, revela. Além disso, a relação entre a infância e a idade adulta está fortemente presente nas obras de Hilda. As 27 telas e as duas instalações presentes na mostra contêm muito da alma feminina, partindo da infância até a maturidade, com muitos pontos de conexão. “Tratar da infância é quase uma obsessão para mim, principalmente a feminina”, diz ela.

A artista utiliza telas e papel para desenvolver suas impressões através das tintas a óleo e ceras. “Gosto de misturar as cores com as ceras, principalmente, para dar um ar de imprecisão nas telas, como se faltasse nitidez”. Para este projeto, Hilda se desafiou a produzir, pela primeira, instalações.

“Na primeira instalação, nós convidamos Fabrício e Lívio, doisdesigners, que construíram um abismo em vídeo com elementos retirados das pinturas”, explicou. “Ela representa um nascimento, um parto, com elementos da flora e da fauna. Uma coisa extremamente delicada e que ficou muito bonito”. A segunda é uma grande árvore branca fincada no meio do salão da Pinacoteca. “Ela representa a infância e a sua dor, sua vulnerabilidade. Por isso os vestidos pendurados na árvore estão feridos”.

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Foto: Rose Dias

Hilda Moura tomou contato com a arte na década de 1990, desenhando timidamente. Começou a estudar cerâmica e deixou a pintura de lado por um certo tempo. Retornou às telas trabalhando com papel até que, em 2015, produziu sua primeira exposição individual no Sesc chamada “Hábito”. Pouco tempo depois, começou a produzir as pinturas para “A lágrima das coisas”. Além disso, no dia 13 de novembro, ela participou com uma obra da Bienal de Arte Contemporânea do Distrito Federal, promovida pelo Sesc.

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“Tenho recebido muitas mensagens e até poemas de pessoas que visitaram a exposição e isso me deixa bastante satisfeita com a sensibilidade que o trabalho está passando para o público”, afirmou. “A Pinacoteca é um espaço privilegiado para o artista e esse trabalho representa muito para mim”.


Fotografia da capa: Reynaldo Gamma 

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