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Exposição “Rio Afogado” mostra imagens tristes e belas do Salgadinho pelos olhares de Jorge Vieira e Paulo Caldas

Em cartaz no Complexo Cultural do Teatro Deodoro, a nova exposição da dupla, “Rio Afogado”, reúne imagens do Riacho Salgadinho e sua realidade dura e ao mesmo tempo suavizada pelas lentes de Jorge, junto com os trabalhos de mescla entre fotografia e ilustração de Paulo Caldas.

A parceria entre o fotógrafo Jorge Vieira e o artista visual Paulo Caldas vem rendendo fartos frutos ao roteiro cultural de Maceió. Em cartaz no Complexo Cultural do Teatro Deodoro, a nova exposição da dupla, “Rio Afogado”, reúne imagens do Riacho Salgadinho e sua realidade dura e ao mesmo tempo suavizada pelas lentes de Jorge, junto com os trabalhos de mescla entre fotografia e ilustração de Paulo Caldas.

Essa junção dos universos fotográfico e ilustrativo da dupla de amigos começou em julho de 2015, quando organizaram uma exposição dedicada à lagoa Mundaú, chamada “Lagoa – o que faço com tudo isso?”. Jorge Vieira contou ao Aqui Acolá que as ideias das duas montagens nasceram a partir de poemas do multiartista Paulo Caldas. “Nossa proposta é fazer um encontro entre o surrealismo do Paulo com a minha fotografia documental realista”, afirma Jorge.

Paulo 3

Desta vez, eles mergulharam em outras águas – mais negras e menos profundas, mas repletas de conexões e significados à história do povo e da cidade de Maceió. O riacho Salgadinho, hoje retrato do descaso e sinônimo de problema e preocupação de todos; já foi limpo, belo e deu nome à cidade (antes conhecido como Rio Massayó).

O poema que dá título à exposição foi escrito por Paulo Caldas há 25 anos. “Um dia quando estava passando pela praia da Avenida me deparei com carcarás, pombos e urubus disputando lixo no riacho. Aí me lembrei do texto e compartilhei no Facebook. Foi quando o Jorge sugeriu que desenvolvêssemos um trabalho em cima desse tema”, contou ele.

Paulo desenvolveu obras surrealistas, projetando como seria o Salgadinho de sua imaginação, através de interferências entre a ilustração e a pintura dentro de fotografias, também feitas por ele. E Jorge fez um panorama não apenas geográfico, como social, político e econômico do riacho e do seu entorno, mais especificamente à região do Vale do Reginaldo.

90x60 Um sonho em lágrimas...

90x60 Esquizo-divisão...

75x50 Mor'ardias

São 22 fotografias nas quais o público imerge nas águas e na realidade do Salgadinho, retratadas com a força e a beleza das formas potencializadas dos elementos em preto e branco. E 30 pinturas, que nos transportam a um mundo diferente, natural e colorido, onde o sentido da imaginação se funde com o visual.

Jorge conta que não foi uma tarefa fácil captar as imagens para a mostra. “Dos três meses que passei trabalhando nesse projeto, um mês e meio foi levado só negociando com as pessoas que se veem chefes da movimentação que há no Vale do Reginaldo e ao longo do Salgadinho”, revela. Mesmo com o “aval” concedido para que ele pudesse realizar o trabalho em uma pequena parte da grota, as ameaças e situações de insegurança se fizeram presentes nas incursões feitas por ele.

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Durante o período em que “Rio Afogado” ficará em cartaz, serão realizados ainda dois eventos relacionados à temática da mostra. O primeiro acontece ainda no mês de julho, no qual Jorge e Paulo farão uma discussão artística sobre o trabalho com o público. Já em agosto, a dupla pretende chamar pessoas da área de conservação e do meio-ambiente para discutirem a situação real do riacho.

OS ARTISTAS

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Jorge Vieira já é íntimo da luz e da sombra há algum tempo, quando trabalhou com luminárias, cerâmicas, bambu e outros materiais. Contudo, sua história fotográfica é recente, há apenas um ano ele começou a estudar e se dedicar mais a finco à arte de escrever com luz através das lentes. Desde então, vem buscando criar seu próprio traço fotográfico, aspirando também as influências de fotógrafos documentais nacionais e estrangeiros, além das cores de Caravaggio em seus trabalhos mais plásticos.

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Paulo Caldas é um artista múltiplo, que desenvolve em várias facetas a sua criatividade e inspiração. Poeta, compositor e pintor, desde criança ele vem brincando e se apaixonando pelas cores e aos 19 anos iniciou mais seriamente sua carreira artística. “Uma vez, quando era criança, pedi ao meu anjo da guarda que me desse uma varinha de condão pra eu sair fazendo mágica por aí. Todo dia eu acordava e olhava debaixo do travesseiro pra ver se a varinha estava lá. Aí eu cresci, casei, e um dia quando coloquei minha filha pra dormir e fui trabalhar eu notei a luz da luminária no pincel. Então eu soube que Deus tinha atendido meu pedido há muito tempo e eu não percebi”.

Com suas varinhas mágicas mergulhadas em tintas e ideias, Paulo Caldas produz tanto que ocupa hoje três espaços dedicados à arte na cidade. Além de “Rio Afogado”, Paulo também tem obras expostas no primeiro andar do Complexo do Deodoro. São 32 fotografias junto com a sua intervenção artística, totalizando 64 obras de uma série chamada “O Lado Invisível do Ser”. São fotografias simples (algumas feitas por fotógrafos amadores), onde a visão do artista o faz enxergar além do que as imagens retratam. “O lado invisível pega aquela coisa que está em desencanto e lhe dá um novo alento, um novo sopro de vida”, diz ele. E no SESC Centro, a exposição “Marina e a Flora de Lá” ficou em cartaz de 6 a 29 de julho deste ano.


EXPOSIÇÕES “RIO AFOGADO” E “O LADO INVISÍVEL DO SER”| LOCAL: Complexo Cultural Teatro Deodoro | ENDEREÇO: R. Barão de Maceió, s/n, Centro. | HORÁRIO: de segunda à sexta, das 8h às 18h, nas quartas das 8h às 20h | ENTRADA: Gratuita

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