As vitrines do Centro Cultural Arte Pajuçara renderam-se à sutileza e o minimalismo das obras de 6 artistas que formaram a exposição “Preto no Branco / Branco no Preto”. A mostra, que ficou em cartaz até o dia 5 de julho, revelou linguagens e traços distintos, mas que dialogaram entre si ao modo em que capturaram a essência pura da arte do desenho: em duas cores opostas, mas que se completam – o preto e o branco.
Sob a curadoria de Viviani Duarte e coordenação de Lilian Barbosa, os artistas Eduardo Bastos, Gilvan Ciríaco, Lenny Lima, Lívia Maya, Nathaly Cavalcante e Yara Barbosa (Pão) apresentaram obras fortes e de traços firmes. As formas dos desenhos se potencializam pelo formato monocromático e se transformam em peças visualmente marcantes e belas. “Foi a partir do desenho que as pessoas começaram a desenvolver uma comunicação visual, desde as pinturas rupestres”, comentou Viviani. “É um exposição simples, limpa, mas muito legal e repleta de belos trabalhos”.
A curadora apontou ainda que, mesmo focando na questão do desenho em si, a exposição conseguiu englobar diversas linguagens pelo fato dos artistas serem diferentes. “Alguns deles são muito jovens e outros mais experientes, e isso deu uma boa diversificada no resultado final da mostra”, diz ela.
Yara Barbosa é uma artista nova que também atende pelo nome artístico de Pão. Apesar do pouco tempo atuando profissionalmente, o desejo e o pensamento artístico vêm de longa data. Criativa, inventiva e estudiosa, ela vem desenvolvendo diversas linguagens e técnicas visuais como o registro em carvão, grafite e arte urbana, ilustrações em papel, dentre outras, além de se dedicar a outras atividades artísticas como a performance, a dança e a instalação. Os desenhos expostos têm como temas o Xamanismo, a natureza e a relação com as pessoas. “Utilizo muitas referências do meio digital e da tecnologia, assim como as minhas próprias vivências como a capoeira, a cultura indígena, o meio urbano”. Participou de exposições no Instituto da Visão e na Marinha, na Universidade Federal de Alagoas, no Salão de Arte Contemporânea, mas seu traço também é visto pelas ruas.
Eduardo Bastos trouxe algumas obras contidas numa série chamada “Os invisíveis”, na qual ele retrata os indivíduos marginalizados pela sociedade, e que de tão comuns, acabaram se tornando não mais vistos pelas pessoas.
O pernambucano Gilvan Ciríaco é um artista que preza por várias linguagens dentro de seu trabalho. Seus desenhos em nanquim revelam muito da questão do homem e suas relações com os outros homens e a natureza.
Lenny Lima utilizou das artes gráficas e do desenho documental para retratar prédios e construções simbólicas de Maceió, sem deixar de lado a sua identidade artística e seu traço característico.
Nathaly Cavalcante tem a arte como um hobby, mas que há dois anos vem se configurando como uma intensa forma de expressão e criatividade em sua vida. “Gosto muito de desafios, isso me motiva muito. Quando fui convidada para participar dessa exposição eu estava mais voltada ao trabalho com aquarelas, mas me arrisquei e gostei bastante do resultado”. Seus desenhos têm influências da cultura japonesa e dos jogos eletrônicos, além de paisagens e da figura feminina. “Já havia participado de outra exposição com o Lenny e é sempre bom para mostrar os trabalhos e conhecer outros artistas. Esse envolvimento só faz bem”, conclui.
Lívia Maya desenha desde criança, mas sua criatividade aflorou quando passou um período nos Estados Unidos, em 2012. Essa vivência foi definitiva e definidora para a construção da sua identidade artística. “Utilizo muito da música nas minhas ilustrações. Tanto para a inspiração, quanto para a criação”, revela. Seus trabalhos têm muito do surreal e do psicodélico e já estiveram presentes na exposição da Marinha em 2013, e no Complexo Cultural do Teatro Deodoro no começo deste ano.